Um estudo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) trouxe um recado direto: aplicar a terapia celular CAR‑T mais cedo no tratamento do linfoma difuso de grandes células B pode melhorar resultados e, ao mesmo tempo, reduzir custos.
Por que isso importa?
Hoje, a rotina costuma ser: primeiro quimioterapia combinada com imunoterapia (R‑CHOP); se o tumor volta, tenta‑se uma segunda linha mais agressiva — como quimioterapia intensificada ou transplante autólogo — e só depois recorrem à CAR‑T. O estudo sugere inverter essa ordem em certos casos. Vale a pena antecipar esse “reforço” contra o câncer?
O que é a CAR‑T, em poucas palavras
A técnica recolhe os linfócitos T do próprio paciente, altera‑os em laboratório para que reconheçam e destruam as células cancerígenas e, então, os reinfunde no organismo. Muitas vezes esse processo exige centros especializados e etapas feitas fora do país.
Principais achados do estudo
A pesquisa, liderada pelo médico Samir Nabhan, foi apresentada no Congresso Brasileiro de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular e publicada no Journal of Medical Economics. Entre os resultados mais relevantes estão:
- Economia média de R$ 194 mil por paciente quando a CAR‑T foi aplicada antes do uso de epcoritamab;
- Redução estimada de até R$ 1,3 milhão por paciente quando a terapia foi usada já na segunda linha;
- Menor necessidade de novas internações e de tratamentos adicionais;
- Aumento das taxas de cura para cerca de 50% a 60% em dois anos, ante aproximadamente 20% antes da disponibilidade da CAR‑T.
Limites e caminhos
Apesar dos benefícios, a CAR‑T ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e segue restrita à rede privada, dependendo de planos ou de pagamento direto. A implementação em larga escala enfrenta obstáculos: infraestrutura complexa e necessidade de centros especializados.
Pesquisadores de instituições como Fiocruz e Instituto Butantan trabalham no desenvolvimento de versões nacionais da terapia, com a intenção de reduzir custos e diminuir a dependência de insumos externos.
Em resumo: usar a CAR‑T mais cedo pode trazer ganhos clínicos e econômicos claros, mas a adoção ampla depende de investimentos em capacidade local e políticas que tornem a tecnologia acessível.

