Um estudo que acompanhou o desempenho dos principais atletas por mais de uma década encontrou um padrão curioso: canhotos aparecem com mais frequência entre os melhores em algumas modalidades. A pesquisa foi publicada na revista Royal Society Open Science e teve cobertura pelo The Economist.
O que os dados mostram
O levantamento analisou seis esportes — badminton, tênis de mesa, tênis e três armas da esgrima (florete, espada e sabre) — e apontou diferenças claras em algumas categorias.
- Entre os 200 melhores esgrimistas masculinos de espada, 18% eram canhotos.
- Entre os 200 melhores de florete, 23% eram canhotos.
- Ao considerar apenas os 100 primeiros, esses percentuais subiram para 28% (espada) e 31% (florete).
- Badminton, tênis e sabre não exibiram o mesmo efeito.
Por que isso pode acontecer
Os autores associam a diferença ao tipo de movimento exigido nas disciplinas. Florete e espada envolvem estocadas curtas e rápidas, e o tênis de mesa pede uma destreza parecida — situações em que a postura e o timing de um canhoto podem surpreender um adversário predominantemente destro. Já o sabre requer golpes de corte mais amplos, movimentos que se aproximam dos usados no tênis e no badminton, o que pode explicar a ausência do fenômeno nessas provas.
Além disso, o estudo sugere que uma maior dependência do hemisfério direito do cérebro — ligado ao processamento visual, espacial e temporal e à coordenação motora — poderia trazer alguma vantagem. Em outras palavras, pode haver um ganho real, mas provavelmente pequeno, que só fica evidente em níveis de elite, onde frações de segundo decidem resultados.
Significa que ser canhoto garante uma medalha? Não — a vantagem é limitada e aparece mais como um detalhe entre atletas de alto nível do que como um determinante absoluto de sucesso.