A Bahia está se destacando como um centro importante na área da biomimética. Mas o que é isso? É um campo da ciência que se inspira na natureza para criar inovações tecnológicas. No estado, o objetivo é desenvolver soluções mais eficientes, inteligentes e, acima de tudo, sustentáveis.
Aprender com a Natureza: O que é Biomimética?
Também chamada de biomimese ou biônica, a biomimética se baseia em milhões de anos de evolução da vida no planeta. A ideia é observar a natureza para encontrar respostas em diversas áreas, como engenharia, design e medicina. O nome vem do grego: “bios” (vida) e “mimesis” (imitação). Basicamente, ela propõe que as soluções para os nossos desafios podem estar na inteligência intrínseca da própria natureza.
Desde sempre, o ser humano buscou inspiração no ambiente natural. A novidade, agora, é que essa abordagem se tornou mais organizada. Com ela, podemos construir ferramentas, abrigos e tecnologias de ponta, gerando um impacto positivo e duradouro no mundo.
Invenções que Nascem da Observação Natural
Diversas criações mostram o poder transformador da biomimética. Um bom exemplo são os painéis solares que imitam o girassol. O sistema “Smartflower”, por exemplo, acompanha o sol ao longo do dia, elevando a eficiência energética em até 40% se comparado aos modelos fixos. Além disso, eles se limpam sozinhos e se retraem automaticamente quando o tempo fica ruim.
Outra inovação bem conhecida é o Velcro. Ele foi criado em 1941 pelo engenheiro suíço Georges de Mestral. A inspiração veio das sementes da planta bardana, que tinham minúsculas estruturas em forma de gancho e grudavam facilmente nas suas roupas. Mestral desenvolveu, então, um sistema de fixação com duas fitas – uma com ganchos e outra com laços –, replicando o comportamento da planta.
No setor de energia, as turbinas WhalePower são um caso interessante. Elas foram inspiradas nas nadadeiras das baleias jubarte. Essas nadadeiras possuem saliências que ajudam a otimizar o fluxo da água. Aplicando o mesmo princípio nas pás das turbinas eólicas, conseguiu-se uma redução de até 32% no atrito do ar e um aumento de 20% na eficiência energética.
Usos Amplos e um Futuro Sustentável
A pele de tubarões, com seus dentículos que diminuem o atrito na água, serviu de modelo para superfícies de baixo atrito. Essa tecnologia foi usada em trajes de natação de alta performance, que ajudaram atletas como Michael Phelps a bater recordes olímpicos. Hoje, a mesma técnica é aplicada em cascos de navios e aeronaves, buscando mais eficiência e economia de combustível.
Um dos materiais mais promissores da biomimética é o Shrilk. Ele é feito de quitina – que encontramos em cascas de camarões e outros artrópodes – combinada com proteínas da seda. O Shrilk é biodegradável e biocompatível. Leve e resistente como o alumínio, ele se decompõe naturalmente no solo, liberando nutrientes e servindo como fertilizante. Suas aplicações são variadas: desde suturas médicas e curativos até embalagens e produtos que substituem o plástico de forma sustentável.
A crescente adoção dos princípios da biomimética na Bahia e em outras partes do Brasil aponta para um futuro onde a inovação tecnológica anda de mãos dadas com a preservação ambiental. É uma abordagem que inspira novas gerações de cientistas e engenheiros a aprenderem com a maior fonte de soluções que existe: a própria natureza.