O Aquarium and Shark Lab, na Carolina do Norte, EUA, foi palco de um caso intrigante recentemente. Charlotte, uma arraia fêmea, surpreendeu a todos ao ser anunciada como grávida, mesmo sem a presença de um macho de sua espécie no tanque. A notícia foi divulgada nas redes sociais do aquário em fevereiro, acompanhada de exames de ultrassom que confirmavam a gestação. “Nossa arraia, Charlotte, está esperando! Mantivemos isso em segredo por mais de três meses”, escreveu a equipe do ECCO, responsável pelo aquário.
O mistério em torno da gravidez de Charlotte levantou várias hipóteses. Brenda Ramer, fundadora e diretora executiva da Team ECCO, comentou à ABC 13 News que algumas espécies de arraias podem armazenar espermatozoides para uso posterior, mas destacou que não havia arraias machos no tanque de Charlotte. No entanto, havia tubarões-bambu machos, o que levou à especulação de que um tubarão poderia ter fecundado a arraia. “Em meados de julho de 2023, movemos dois tubarões-bambu machos de um ano de idade para aquele tanque. Não sabíamos ao certo sobre sua taxa de maturação, então não pensamos que haveria um problema”, explicou Ramer. A equipe notou marcas de mordidas em Charlotte, típicas do comportamento de acasalamento dos tubarões machos.
Noah Bressman, professor assistente de fisiologia da Universidade de Salisbury, desmentiu essa possibilidade, afirmando que tubarões e arraias são geneticamente tão distantes quanto humanos e cobras, tornando a fecundação entre eles altamente improvável. Outra hipótese levantada foi a partenogênese, um fenômeno raro em que uma fêmea pode desenvolver um embrião sem fertilização, mais comum em tubarões do que em arraias.
Infelizmente, a equipe do aquário anunciou no último domingo (30) que Charlotte faleceu. “Estamos tristes em anunciar, depois de continuar o tratamento com sua equipe médica e especialista, que nossa Charlotte faleceu hoje”, diz a publicação nas redes sociais do aquário. Após uma série de testes, foi descoberto que Charlotte desenvolveu uma doença reprodutiva rara, que afetou negativamente seu sistema reprodutivo. “As descobertas são realmente um desenvolvimento médico triste e inesperado. Nossa prioridade é focar na saúde e bem-estar de Charlotte. Trabalharemos e seremos guiados por veterinários e especialistas para entender melhor essa doença e as opções de tratamento”, afirmou a equipe.
O caso gerou críticas de cientistas marinhos, que acusaram o aquário de espalhar desinformação e colocar a vida de Charlotte em risco, alegações que foram negadas pela instituição. “Só posso dizer o que sabemos com certeza. Nunca fui mentiroso. Não se tratava de uma farsa. Isso não foi nada inventado, mas as pessoas fazem isso. As pessoas têm seus próprios pensamentos”, defendeu-se Ramer à emissora de TV local WLOS.
