Morar perto de áreas verdes pode fazer diferença já durante a gravidez e nos primeiros anos de vida das crianças. A ideia não é só poética: é o que apontou uma análise ampla de registros de saúde e imagens de satélite.
O que o estudo analisou
Pesquisadores cruzaram dados do Medicaid dos Estados Unidos entre 2001 e 2014 com imagens que mostram quanto verde havia perto da casa da mãe antes, durante e após a gestação. No total, foram avaliadas mais de 1,8 milhão de duplas mãe-filho.
Os registros incluíam diagnósticos como transtorno do espectro autista (TEA), TDAH, dificuldades de aprendizagem, problemas de coordenação motora, atrasos no desenvolvimento e distúrbios comportamentais.
Principais resultados
A análise, publicada na Environmental International, mostrou que quanto maior a exposição a áreas verdes, menor foi o risco de ocorrência desses problemas de desenvolvimento. Além disso, as maiores taxas de comprometimento intelectual e de dificuldades de aprendizagem apareceram entre crianças que moravam em áreas urbanas.
Por que o contato com a natureza ajuda?
Os autores sugerem vários mecanismos plausíveis — efeitos observados já na gestação e na primeira infância:
- Mais plasticidade cerebral na infância, que torna o cérebro mais receptivo a estímulos positivos.
- Ambientes naturais oferecem estímulos variados e desafios físicos (terrenos irregulares que ajudam equilíbrio e movimento).
- Espaços verdes tendem a ter temperaturas mais amenas e ar menos poluído.
- Redução do estresse e de quadros depressivos maternos, além de possíveis efeitos sobre células reprodutivas e o desenvolvimento cerebral no útero.
Implicações práticas
Os resultados reforçam a importância de pensar em políticas urbanas e de saúde pública que aumentem a oferta e a qualidade de áreas verdes, especialmente em cidades densas — por exemplo, em municípios da Bahia. O estudo usou registros administrativos e dados geoespaciais e soma evidências sobre o valor do contato com a natureza desde a gestação.