Dois clarões na superfície da Lua, visíveis daqui da Terra, chamaram a atenção de observadores: foram registrados por um astrônomo amador no Japão na quinta‑feira (30) e no sábado (1º).
Quem fez as detecções foi Daichi Fujii, curador do Museu da Cidade de Hiratsuka, que opera um sistema automatizado de telescópios para monitoramento lunar. Fujii já documentou cerca de 60 impactos desde 2011 e diz que quer aproximar o público da ciência.
“Quero que o público aprecie a ciência”, afirmou Daichi Fujii.
Os dois clarões foram atribuídos a asteroides que atingiram o solo lunar — com velocidades que podem ter chegado a 96.560 km/h — liberando energia comparável a explosivos convencionais. O primeiro foi visto a leste da cratera Gassendi (112 km de diâmetro) e o segundo a oeste do Oceanus Procellarum, a vasta “Oceano das Tempestades”. A observação simultânea por vários telescópios no Japão ajudou a confirmar que eram impactos reais e não ruídos de raios cósmicos.
Juan Luis Cano, engenheiro do Centro de Coordenação de Objetos Próximos da Terra da Agência Espacial Europeia, avaliou os registros como autênticos e disse que ambos os clarões estavam “um pouco acima da média em termos de tamanho do clarão”.
“Esses clarões de impacto parecem reais. Ambos parecem estar um pouco acima da média em termos de tamanho do clarão.” — Juan Luis Cano
Resumo prático
- Datas: quinta‑feira (30) e sábado (1º).
- Observador: Daichi Fujii, sistema automatizado de telescópios.
- Velocidade estimada: 96.560 km/h.
- Locais dos impactos: leste da cratera Gassendi e oeste do Oceanus Procellarum.
Fujii sugeriu que os objetos podem ter relação com a chuva de meteoros Taurídeos, ligada ao cometa Encke, que costuma trazer fragmentos maiores. Registros como estes ajudam especialistas a refinar estimativas sobre a frequência de impactos na Lua — informação importante também para avaliar riscos na Terra.
Sobre posicionamentos oficiais: a NASA não comentou os incidentes por causa de paralisação de atividades por falta de verba, embora observatórios de defesa planetária financiados pela agência tenham seguido operando. A Agência Espacial Europeia não registrou os eventos devido à claridade na Europa no momento dos impactos.
“Compreender a frequência e a energia dos clarões de impacto pode orientar o projeto e a operação de bases lunares”, destacou Daichi Fujii.
Por que isso é relevante? Com agências e empresas planejando bases lunares permanentes, saber com que frequência e com quanta energia a Lua é bombardeada ajuda a projetar estruturas mais seguras e operações mais resilientes. Em resumo: a Lua continua sendo um laboratório natural dinâmico — e o monitoramento constante é a melhor forma de aprender com esses eventos e proteger futuras missões.
No fim das contas, a lição é simples: a Lua nos surpreende e nos lembra que observar com atenção ainda rende descobertas úteis para ciência e exploração.

