Uma equipe liderada pela Universidade de Osaka, com participação de cientistas brasileiros, identificou um novo coronavírus em morcegos Pteronotus parnellii no Brasil. A descoberta foi divulgada em uma versão pré-print na última segunda-feira (27) e reacendeu a atenção sobre a vigilância de vírus em animais — inclusive na Bahia.
O que descobriram?
O vírus recebeu o nome de BRZ batCoV e foi classificado como um betacoronavírus, a mesma família do Sars-CoV-2 (causador da Covid-19) e do Mers-CoV. As sequências genéticas mostraram semelhanças relevantes com esses agentes.
Durante o sequenciamento, os pesquisadores observaram que o BRZ batCoV possui um mecanismo de entrada em células humanas parecido com o do Sars-CoV-2. Segundo o estudo, esse tipo de mecanismo ainda não havia sido registrado em morcegos nas Américas — um sinal que os autores interpretam como possível evolução viral natural entre esses animais.
As análises filogenéticas indicaram que o BRZ batCoV é geneticamente mais próximo do Mers-CoV, embora exiba características suficientes para ser considerado uma linhagem distinta.
Mas isso significa que devemos nos preocupar com transmissão para humanos?
Até o momento, não há evidências de que a nova cepa consiga infectar pessoas ou se espalhar além da população de morcegos. Por isso, os pesquisadores recomendam vigilância continuada das populações de Pteronotus parnellii e do próprio vírus, para avaliar riscos futuros e orientar ações de saúde pública.
“Nosso estudo proporciona uma compreensão mais ampla da diversidade evolutiva e funcional dos coronavírus de morcegos, bem como de seu potencial de transmitir doenças para humanos”, disseram os autores no artigo.
Principais pontos
- BRZ batCoV: novo betacoronavírus detectado em Pteronotus parnellii no Brasil.
- Classificado como betacoronavírus, com semelhanças genéticas ao Sars-CoV-2 e ao Mers-CoV.
- Apresenta mecanismo de entrada em células humanas semelhante ao do Sars-CoV-2, inédito em morcegos nas Américas.
- Não há, até agora, evidência de infecção humana ou de circulação além dos morcegos.
- Recomendação dos autores: monitoramento contínuo das populações e do vírus.
Em resumo: a pesquisa amplia o entendimento sobre a diversidade dos coronavírus em morcegos e reforça a necessidade de vigilância — sem, até agora, indicar risco imediato para pessoas.

