O aumento rápido de satélites em órbita virou tema de alerta no último Programa Olhar Espacial. A questão é simples: até que ponto essa corrida por conectividade pode se transformar num problema real?
No programa, exibido na sexta-feira (31), especialistas debateram riscos e soluções. Foi lembrado que, atualmente, cerca de um a dois satélites da rede Starlink reentram na atmosfera todos os dias, e que a tendência é de aumento desse fluxo.
O que há em volta da Terra
Dados citados durante a conversa — com base em estimativas da Agência Espacial Europeia (ESA) — mostram que existem mais de 36 mil detritos com mais de 10 centímetros em órbita, somando aproximadamente 11 mil toneladas de material. São restos de foguetes, satélites inativos e fragmentos de colisões que viajam a velocidades muito altas, e por isso representam risco para missões ativas e estações espaciais.
Imagine o espaço como um trânsito cada vez mais movimentado: até um pedaço pequeno pode causar um estrago grande quando chega tão rápido.
Quem participou
O programa contou com o astrofísico Wagner José Corradi Barbosa, diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA/MCTI), com formação e pós-graduação pela UFMG e estágios no Observatório da Universidade de Copenhague e no Observatório Europeu do Sul. Também participou o pesquisador titular Éder Martioli, associado ao Instituto de Astrofísica de Paris (IAP) e doutor em Astrofísica pelo Inpe, que atua em observatórios brasileiros e em comitês internacionais de alocação de tempo em telescópios.
Impactos e prioridades
Os convidados ressaltaram que a multiplicação de lançamentos traz benefícios claros à conectividade, mas também aumenta a quantidade de fragmentos em circulação — criando uma espécie de “atmosfera” de lixo espacial. Isso pode afetar, direta ou indiretamente, a conectividade no Brasil e em países lusófonos que dependem cada vez mais de serviços por satélite.
Como resposta, mitigação e monitoramento foram apontados como prioridades imediatas para reduzir riscos a satélites e às comunicações. As discussões do programa deram sequência a debates técnicos e iniciativas de acompanhamento internacional sobre o tema.
Uma imagem gerada por inteligência artificial ilustrou o risco de colisões; a produção creditou a ilustração a Flavia Correia via DALL‑E/Olhar Digital.
O Programa Olhar Espacial foi apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), e transmitido ao vivo pelos canais oficiais do veículo às 21h (horário de Brasília). As plataformas de exibição incluíram:
- YouTube
- X (antigo Twitter)
- TikTok
Em resumo: o debate ganhou tom de urgência, mas também de ação — monitorar, mitigar e coordenar internacionalmente continuam sendo os caminhos mais viáveis para manter o espaço mais seguro e a conectividade estável.

