Em Feira de Santana (BA), o Ministério Público estadual (MP-BA) apresentou, nesta quinta-feira (30), uma nova denúncia contra o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha, e outras 12 pessoas. Segundo a peça acusatória, o parlamentar — preso há cerca de 25 dias — teria liderado uma organização criminosa que atuou por mais de uma década na cidade e em municípios vizinhos.
A denúncia incorpora fatos levantados nas operações El Patrón e Hybris, deflagradas pela Polícia Federal e pelo Gaeco, e descreve crimes praticados após o recebimento da primeira denúncia, razão pela qual o MP-BA apresentou novas imputações.
O MP afirmou que “não se configura dupla imputação, uma vez que se trata de fatos distintos, ainda que relacionados à mesma tipificação penal, desde que haja continuidade delitiva após o marco interruptivo representado pelo recebimento da primeira denúncia”.
Entre os crimes apontados estão: organização criminosa armada, lavagem de capitais, exploração clandestina de jogos de azar, agiotagem, extorsão majorada, receptação qualificada e embaraço à investigação. O MP pede, em caso de condenação, medidas reparatórias por danos morais coletivos, perdimento de bens e perda de cargo público — inclusive dos quatro denunciados que são policiais militares — além da interdição de função pública, inclusive para o deputado.
Como a organização teria funcionado
Segundo o histórico anexado à denúncia, Kléber teria assumido a liderança do grupo em 2013, após a morte do antigo chefe Oldair José da Silva Mascarenhas, o “Dainho”. O esquema teria crescido a partir de bancas de jogo do bicho em Feira de Santana e evoluído para empréstimos ilegais (agiotagem), receptação de bens por meio de uma sucata local e operações de lavagem de dinheiro.
As investigações, diz a peça, mostraram que o grupo “possui uma estrutura robusta e amplamente ramificada, composta por um número expressivo de integrantes distribuídos em diferentes núcleos operacionais, todos coordenados e geridos pelo líder KLEBER CRISTIAN”.
Mesmo após o início das investigações, a organização teria seguido atuando por meio de interpostas pessoas (laranjas) para ocultar recursos e comprar bens de alto valor. A denúncia também aponta a existência de um “Núcleo Armado” responsável por segurança e por ações violentas, o que agrava as imputações.
Ao todo, treze pessoas teriam participado dos novos fatos apurados: dez denunciadas pela primeira vez e três já mencionadas em investigações anteriores. Entre os citados na nova peça, além de Kléber, sua esposa e seu filho, o MP relacionou, entre outros:
- Cristiano de Oliveira Machado — organização criminosa e lavagem de capitais;
- Allan Silva e Silva (policial militar) — organização criminosa, integrante do Núcleo Armado;
- Wildson Nunes de Oliveira (policial militar) — organização criminosa, integrante do Núcleo Armado;
- Thiago Almeida Santos (policial militar) — organização criminosa, integrante do Núcleo Armado;
- André Santos da Silva (policial militar) — organização criminosa e embaraço à investigação;
- Geisiel Pereira dos Santos — organização criminosa;
- Muller Santos Souza — organização criminosa e agiotagem;
- Anailson de Almeida Silva — organização criminosa e agiotagem;
- Alan Nascimento de Jesus — organização criminosa e agiotagem;
- Bruno Borges França — lavagem de capitais e extorsão.
O documento obtido com exclusividade pelo Bahia Notícias trouxe mensagens e arquivos que, segundo o MP, demonstrariam a divisão de funções dentro do grupo e operações financeiras realizadas por meio de laranjas. Parte das provas teria origem em compartilhamento de dados com a Polícia Federal e em quebras de sigilo bancário.
O MP registrou ainda que “verificou-se, inclusive, que o denunciado KLÉBER CRISTIAN ESCOLANO DE ALMEIDA continuou exercendo a liderança da súcia, promovendo operações financeiras ilícitas por meio de interpostas pessoas (laranjas), adquirindo veículos de alto valor e mantendo a gestão dos negócios espúrios, em flagrante desrespeito às medidas cautelares anteriormente impostas”.
Com a apresentação da nova peça, o processo seguirá para a Justiça, onde as medidas requeridas pelo MP-BA serão analisadas no curso das ações penais e cautelares relacionadas às investigações.

 
			
 
		 
		 
		 
 
			 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		