A União Progressista anunciou uma ampla renovação nos seus quadros, com foco especial no PP na Bahia. Segundo dirigentes do estado, a orientação é clara: com a formalização da federação pelo TSE, cada parlamentar terá de escolher lado — não haverá espaço para vínculos ambíguos com o governo.
Quem está na mira?
Nos bastidores, alguns nomes do PP baiano aparecem como prováveis alvos da reestruturação:
- Mário Negromonte Jr. — ex-ministro, historicamente alinhado ao PT na Bahia e em diálogo com o PSB de João Campos.
- Claudio Cajado — deputado cujo futuro partidário tem sido tema de especulação entre dirigentes estaduais.
Em 13 de setembro, Cajado participou da entrega de uma escola em tempo integral, da nova delegacia e do pelotão da Polícia Militar em Cardeal da Silva, e elogiou as ações do governo estadual. “Eu não poderia deixar de estar presente neste dia, que a história de Cardeal da Silva falará que foi o dia de maior entrega de obras que essa terra já teve. Por isso prefeito, por isso governador, parabéns”, disse ele.
Já em agosto, durante participação no Projeto Prisma, Cajado tentou diferenciar sua posição: “Eu não tenho pé no governo. Eu não frequento secretarias. Eu frequento o palanque do governador Jerônimo quando ele está nos municípios que os prefeitos também me apoiam… Mas eu não tenho nada no governo, não tenho cargo, não tenho participação no governo, pelo contrário”. Essa declaração alimentou o debate sobre onde ele ficará depois da formalização da federação.
Posição da federação e medidas nacionais
Dirigentes consultados afirmaram que a federação adotará postura de oposição ao PT, tanto na Bahia quanto em nível nacional, e que não aceitará uma divisão entre apoio a ACM Neto e laços com o governo petista. Em reservado, um cacique do partido resumiu: “Ou estará com ACM Neto ou não estará na federação”.
No patamar nacional, antes mesmo da formalização pelo TSE, os presidentes das siglas — Ciro Nogueira, do PP, e Antonio Rueda, do União Brasil — determinaram que filiados que ocupam cargos no governo federal deveriam se afastar. A orientação citou ministros como André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo), com prazo de um mês para cumprimento.
Quando o prazo venceu, no dia 8 de outubro, o PP anunciou o afastamento de André Fufuca de decisões partidárias, incluindo a vice-presidência nacional e a presidência do diretório estadual do Maranhão, afirmando que a sigla não faria parte do atual governo. O União Brasil tomou medida semelhante: suspendeu Celso Sabino das funções partidárias até o fim de um processo disciplinar que pode levar à expulsão, com prazo máximo de 60 dias.
Com a formalização da federação pelo TSE como marco de efetivação do novo bloco, dirigentes dizem que seguirão processos disciplinares e vão exigir escolha pública e clara dos parlamentares: permanecer na base governista implicará a saída do grupo; manter fidelidade ao bloco deverá ser demonstrado abertamente.
O que isso muda na prática? Nas próximas semanas veremos quem decidiu de que lado ficar — e como essa escolha vai redesenhar o mapa político no estado.

