Em entrevista ao Projeto Prisma nesta segunda-feira (27), o deputado federal baiano Arthur Maia (União) falou sobre o impacto político de Jair Bolsonaro e sobre as perspectivas da direita para 2026. Para Maia, Bolsonaro mudou a maneira como as pessoas se apresentam no Brasil: assumir-se de direita deixou de ser um tabu.
O papel de Bolsonaro
Segundo o deputado, “o Bolsonaro teve um papel significativo no cenário debate brasileiro na medida em que o movimento que ele fez, sobretudo no ano de 2018, fez com que as pessoas pudessem assumir, no Brasil, publicamente, que são de direita. Antigamente, era quase como você jogar uma pedra na cruz quando você dizia que era de direita. O Bolsonaro normalizou isso”.
Maia também deixou claro que, apesar dessa influência, a direita não se resume ao ex-presidente. Ele se declarou um representante da centro-direita e reafirmou seu compromisso com a democracia: “A direita não é o Bolsonaro, é isso que tem que ficar claro… Eu sou um deputado de centro-direita, sou um deputado democrata e eu não acredito em um modelo político que é proposto por Bolsonaro”.
Críticas ao discurso
O deputado criticou o estilo de Bolsonaro nos debates públicos, dizendo que falta propostas concretas. “Porque eu acho que o líder político tem que ter uma responsabilidade propositiva… Bolsonaro quando está falando, ele está agredindo questões de gênero, agredindo o Supremo Tribunal Federal, atacando qualquer coisa, mas do ponto de vista da vida dos brasileiros, não tem nada de novo”, afirmou Maia.
Quem poderá concorrer em 2026?
Maia avaliou que tanto Luiz Inácio Lula da Silva quanto Bolsonaro chegam desgastados ao cenário nacional, e projetou que a direita terá um candidato próprio em 2026 — só que não será Bolsonaro. Então, quem pode surgir como alternativa?
- Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo;
- Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná;
- Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais;
- Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás.
Volatilidade das campanhas
Maia lembrou um episódio de 2018: naquela época, Bolsonaro ainda tinha representatividade baixa e chegou a cogitar apoiar Geraldo Alckmin em um eventual segundo turno. O atentado que Bolsonaro sofreu mudou a trajetória da campanha, mostrando como tudo pode virar rapidamente. “Uma campanha presidencial tem muita volatilidade, alguém que hoje é desconhecido, pode virar presidente”, disse o parlamentar.
Por fim, Maia projetou que a próxima disputa será entre dois modelos de pensamento — um da centro-direita e outro da esquerda — e advertiu que o resultado vai depender da capacidade dos candidatos de reduzir índices de rejeição altos observados em eleições anteriores. “O fato é que teremos uma eleição entre dois modelos de pensamento… Não se engane, que o Lula vai ter grande dificuldade para enfrentar essa eleição, sobretudo contra um candidato que não tem as pestes de rejeição que o Bolsonaro tinha na eleição passada”, concluiu.

