Nos últimos meses, a Anthropic adotou uma estratégia bem clara: em vez de disputar o mercado de massa dominado pela OpenAI, a empresa decidiu concentrar esforços nas corporações — uma aposta que, segundo relatos, busca tornar o negócio de inteligência artificial mais sustentável e lucrativo.
O foco corporativo
Os números mostram essa opção com nitidez: cerca de 80% da receita da Anthropic vinha de clientes empresariais, e a empresa projetou uma receita anual entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões. A demanda por casos de uso como codificação, jurídico e automação de faturamento foi citada como motor desse crescimento.
Relatórios e levantamentos do setor destacaram também vantagens em participação e receita por usuário:
- Levantamento da Menlo Ventures: 32% do mercado corporativo para a Anthropic, contra 25% da OpenAI.
- Em ferramentas de codificação, 42% para a Anthropic versus 21% da OpenAI.
- Análises da Vals AI indicaram maior receita por usuário e forte presença entre empresas e desenvolvedores para a Anthropic.
“A Anthropic está extremamente focada nesses casos de uso corporativos com agentes e está jogando um jogo muito competitivo com a OpenAI”, disse Rayan Krishnan, cofundador da Vals AI.
E a OpenAI?
A OpenAI seguiu a rota do público em massa: cerca de 800 milhões de usuários semanais e uma receita anual estimada em US$ 13 bilhões, da qual somente cerca de 30% vinha de clientes corporativos. Relatórios financeiros de 2024 mostraram um prejuízo aproximado de US$ 5 bilhões, e há indicações de que, neste ano, a empresa gastou cerca de US$ 2,5 bilhões a mais do que faturou.
Para ampliar receitas, a OpenAI chegou a avaliar alternativas como publicidade. Relatos do setor também apontaram que decisões sobre conteúdo — por exemplo, permitir conversas eróticas no ChatGPT — afetaram a percepção de alguns clientes corporativos.
Parcerias e tecnologia
Além do foco em empresas, a Anthropic firmou acordos que reforçaram essa posição: a própria Microsoft integrou o assistente Claude ao seu Copilot, e a Anthropic planejou usar chips de IA do Google para treinar o modelo Claude. Esses movimentos sublinham a aposta em especialização e em parcerias estratégicas.
Resta ver como essa divisão entre foco corporativo e público em massa se desenhará a longo prazo — por ora, os números mostram duas estratégias distintas, cada uma com seus riscos e potenciais ganhos.

