Uma equipe da Universidade de Chicago examinou seis anos de observações do Dark Energy Survey (DES), feitas nos Andes chilenos, para desenhar um mapa dos maiores aglomerados de galáxias e checar se o universo age como prevê o modelo Lambda‑CDM. Ao mesmo tempo, os pesquisadores investigaram a chamada tensão S8, que resume o quanto a matéria está agrupada no cosmos.
O estudo
Os cientistas contaram e caracterizaram os aglomerados, estudando como eles se distribuem no espaço. Implementaram controles para efeitos observacionais que podem confundir as medidas — por exemplo, quando sistemas distintos aparecem alinhados na mesma linha de visão. O trabalho foi publicado como pré‑impressão no arXiv e segue o fluxo normal de revisão por pares.
Entre as etapas principais do método estavam:
- quantificação das contagens e propriedades dos aglomerados;
- correção para vieses de observação, como projeções;
- integração de métodos independentes para conferir robustez às conclusões.
Resultados
A análise mostrou consistência com o modelo padrão Lambda‑CDM, sugerindo que a descrição atual da composição e evolução do Universo continua coerente quando confrontada com os dados do DES. Na visão dos autores, isso indica que, pelo menos com as medições disponíveis, não há necessidade de abandonar o quadro teórico vigente.
O pesquisador Chun‑Hao To destacou que os resultados apontam que o modelo Lambda‑CDM descreve bem o Universo observável, oferecendo uma confirmação importante a partir de aglomerados de galáxias.
Tensão S8: por que importa
Os aglomerados funcionam como termômetros cósmicos — eles reagem fortemente ao equilíbrio entre matéria escura e energia escura. Por isso, contar mais ou menos aglomerados muda a história que contamos sobre a quantidade de matéria escura. Os autores usaram os aglomerados para obter uma medida independente do parâmetro S8 e compararam essa inferência com a derivada da radiação cósmica de fundo, que fala do Universo jovem.
Segundo a professora Chihway Chang, os aglomerados oferecem um teste relativamente independente de outras medições: se tivéssemos observado menos aglomerados, por exemplo, chegaríamos a conclusões diferentes sobre a densidade de matéria escura.
Metodologia e futuro
Além das conclusões cosmológicas, o trabalho trouxe avanços práticos para lidar com vieses de observação e propôs um esquema de análise pronto para a próxima geração de levantamentos astronômicos. Como observou To, a abordagem oferece um ângulo diferente para entender o Universo.
Com catálogos muito maiores que virão de observatórios como o Vera C. Rubin e o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, o mapa de aglomerados deve crescer muito. Isso permitirá testes mais precisos das bases do modelo cosmológico e aumentará a chance de encontrar sinais de física além do que conhecemos hoje.