A Copa do Mundo de 2026 vem sendo apresentada como a maior edição da história do torneio — mas também como um dos mais desafiadores para o meio ambiente, segundo estudos recentes. O torneio, que será disputado por 48 seleções em 104 partidas, levantou alertas sobre o aumento das emissões de gases do efeito estufa e os riscos associados ao calor extremo em várias sedes.
O que os números dizem
Em termos práticos, as estimativas apontam para emissões superiores a nove milhões de toneladas de CO₂, de acordo com pesquisadores da organização Scientists for Global Responsibility. E o problema não é só o número de jogos: mais partidas significam mais deslocamento de equipes, staff e torcedores — e essa mobilidade amplia a pegada de carbono.
Impactos e lugares mais vulneráveis
Quatorze das 16 cidades-sede foram identificadas como suscetíveis a temperaturas potencialmente perigosas durante o torneio. Regiões como o Texas, Miami e Monterrey já registraram verões com mais de 45 °C, cenário que preocupa pela segurança de atletas e público. Há relatos práticos: o meio-campista Enzo Fernández disse ter se sentido tonto em Nova Jersey, onde atuou sob 35 °C — um lembrete de que o calor pode afetar desempenho e saúde na hora H.
O que especialistas apontam
Pesquisadores e especialistas em clima ressaltam que a expansão do torneio obrigou a rever projeções feitas para Mundiais anteriores. “Ao ampliar o evento enquanto promete reduzir emissões, a decisão estabeleceu um padrão preocupante”, afirmou a Dra. Madeleine Orr, da Universidade de Toronto. Para muitos, há uma tensão clara entre crescimento do evento, impactos ambientais e segurança física dos participantes.
Do lado dos jogadores, a cobrança também é pública. David Wheeler, da Associação de Jogadores Profissionais, disse que organizações esportivas não deveriam lucrar sem usar seu poder para melhorar o esporte e reduzir impactos ambientais. E o jogador Héctor Bellerín pediu que atletas usem sua visibilidade para exigir mudanças, lembrando que mais partidas significam mais viagens e condições mais severas.
Logística e respostas possíveis
A FIFA evitou divulgar detalhes extensos sobre planos de sustentabilidade, mas reconheceu que o calor extremo em várias sedes pode forçar alterações no calendário e na logística. Autoridades e estudiosos sugerem que ajustes operacionais — desde a programação de horários até protocolos de saúde para atletas e torcedores — serão necessários para mitigar riscos.
Em suma: a Copa de 2026 destaca com clareza um dilema atual do esporte global — crescer sem sobrecarregar o planeta é um desafio real e urgente. A organização diz que monitorará as condições climáticas e avaliará medidas para reduzir riscos, e a convocação por ações concretas vem de pesquisadores, jogadores e público.