A vaga aberta no STF com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso trouxe o debate de volta à mesa e lembrou que nada, nessa área, acontece fora do olhar público: essa ausência tornou Luiz Inácio Lula da Silva o presidente com mais indicações para a Corte.
Judiciário e política
Quando uma cadeira fica vaga, a conversa volta sempre ao mesmo ponto: o Judiciário é ou não um ator político? Há um lado que repete que não, outro que reage com indiferença e um terceiro que pede distância de influências. Como conciliar essas posições?
A visibilidade do tribunal cresceu desde o julgamento do mensalão. Antes, muita gente nem sabia quem compunha a Corte; hoje os ministros têm perfil público conhecido, e o jornalismo já fala abertamente sobre a ausência de uma imparcialidade absoluta.
Essa politização não fica restrita ao topo. A própria hermenêutica jurídica admite leituras diferentes de uma mesma lei conforme o contexto — político, econômico e social — e há registros de interferências políticas já na primeira instância, na forma como decisões são conduzidas por titulares de comarcas.
No plano local, o Tribunal de Justiça da Bahia viveu uma disputa acirrada pela Mesa Diretora: a campanha foi intensa e começou antes mesmo da posse da atual presidente do tribunal, mostrando que disputas internas também são palco de política.
Independentemente de quem for escolhido, a indicação para a vaga no STF deve enfrentar contestação pública. O caso de Dias Tóffoli ilustra que o alinhamento entre quem indica e quem é indicado nem sempre se mantém previsível.
Desdobramentos confirmados:
- A vaga decorrente da aposentadoria de Luís Roberto Barroso dará início ao processo de escolha do substituto, com expectativa de contestações públicas.
- A eleição da Mesa Diretora do Tribunal de Justiça da Bahia seguirá como ponto de disputa interna entre desembargadores.
Em suma: o episódio reforça que escolhas no Judiciário repercutem além dos tribunais — são decisões com impacto público e atenção política.