Um grande ensaio clínico mostrou que adicionar enzalutamida à terapia hormonal pode reduzir de forma significativa o risco de morte em homens com recidiva bioquímica de alto risco do câncer de próstata.
Os dados foram publicados no The New England Journal of Medicine e apresentados no dia 19 de outubro no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO), em Berlim, na Alemanha.
Como foi o estudo
O ensaio incluiu mais de 1.000 pacientes recrutados em 244 centros de 17 países. Todos tiveram aumento rápido do PSA após cirurgia ou radioterapia — um sinal que costuma indicar risco maior de recorrência agressiva e metástase, especialmente para ossos ou coluna.
Os participantes foram divididos em três braços:
- terapia hormonal padrão isolada;
- enzalutamida isolada;
- combinação de terapia hormonal com enzalutamida.
Com acompanhamento médio de oito anos, o grupo que recebeu a combinação teve uma redução no risco de morte de 40,3% em comparação aos outros dois braços do estudo.
O que isso significa
Por que isso importa? A terapia hormonal, usada há décadas, não vinha mostrando ganho claro de sobrevida — então ver uma diminuição do risco de morte é um avanço clínico relevante.
Os pesquisadores também lembraram que a enzalutamida já tinha aprovação da Food and Drug Administration (FDA) e aparecia nas diretrizes da National Comprehensive Cancer Network (NCCN) em outras fases da doença. Com estes novos dados, os autores esperam que as recomendações sejam reforçadas e que a combinação se consolide como opção para pacientes com recorrência bioquímica de alto risco.
Stephen Freedland, MD, co‑investigador, afirmou que estes resultados representam um avanço clínico relevante porque a terapia hormonal sozinha não vinha trazendo ganho de sobrevida. Robert Figlin, MD, diretor interino do Cedars‑Sinai Cancer, destacou que o trabalho translacional entre médicos e cientistas deve resultar em cuidados melhores para os pacientes. Hyung Kim, MD, chefe de Urologia do Cedars‑Sinai, afirmou que os achados identificam um tratamento que prolonga a sobrevida em homens com doença agressiva e complementam estudos anteriores sobre a enzalutamida.
Em resumo, os resultados publicados e apresentados em Berlim tendem a influenciar decisões clínicas e atualizações de diretrizes, oferecendo uma nova alternativa terapêutica para este subgrupo de pacientes.