Uma investigação da Polícia Civil e do Ministério Público de Sorocaba revelou um plano surpreendente: um falso médico tentou simular a própria morte para escapar da Justiça. Segundo os órgãos, o esquema envolveu a negociação de um cadáver e pagamento de propina a agentes públicos em Guarulhos, no estado de São Paulo. O principal investigado foi identificado como Fernando Henrique Guerrero, também conhecido como Fernando Henrique Dardis, alvo de apurações por homicídio e exercício ilegal da profissão.
Como o esquema teria funcionado
Documentos do processo mostram que houve subornos em valores entre R$ 3 mil e R$ 8 mil. Um relatório parcial da Polícia Civil registra o pagamento de R$ 5.000 pela liberação irregular do corpo de um indigente, supostamente usado no falso sepultamento.
Além do desvio do cadáver, o investigado teria adulterado a documentação para dar aparência de veracidade ao enterro: certidão de óbito, atestado médico e selo digital foram falsificados.
Quem participou e como
Servidores do Serviço Funerário Municipal e da Secretaria da Saúde de Guarulhos teriam sido acionados para a chamada “liberação de corpo não reclamado”. Em outras palavras: houve combinação para que um corpo fosse liberado irregularmente, aliados a documentos forjados e pagamentos de propina.
Reação da Justiça
A fraude foi detectada durante as apurações. O reconhecimento judicial da morte de Guerrero foi revertido. Em 2025, o juiz Emerson Tadeu Pires de Camargo, da comarca de Sorocaba, determinou a reabertura do processo, revogou o reconhecimento do óbito e expediu novo mandado de prisão preventiva.
No ano anterior, Fernando Henrique Guerrero havia se apresentado à autoridade policial no 1º Distrito Policial de Guarulhos, acompanhado por advogado, e permaneceu à disposição da Justiça desde então.
“A Prefeitura informou ter instaurado sindicância na Corregedoria e afirmou que vinha colaborando com as autoridades desde o início das investigações”, diz a nota oficial da administração municipal.
A gestão municipal confirmou a sindicância interna, mas não detalhou quais medidas foram adotadas para proteger os sistemas de registro nem quais punições foram aplicadas aos servidores apontados como envolvidos. O caso segue sob investigação pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, com o processo reaberto e o mandado de prisão preventiva em vigor. Resta saber quais providências serão tomadas para evitar que algo assim se repita.