Na atualização mais recente da lista dos cientistas mais influentes — com dados até agosto de 2025 — pesquisadores da Bahia emplacaram 15 nomes entre os cientistas de maior impacto. O levantamento foi coordenado por pesquisadores da Universidade de Stanford e publicado no repositório da Editora Elsevier.
O ranking analisou cerca de cem mil cientistas usando o banco de dados Scopus e o chamado c-score, um índice que dá mais peso à posição de autoria e reduz o efeito das autocitações. Em outras palavras: não é só quantidade de artigos, é também o impacto real da produção.
Onde estão esses pesquisadores?
As quinze indicações baianas vêm de quatro instituições públicas: Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). A área de Clínica da Saúde foi a mais representada no estado.
O que dizem os pesquisadores
Vários pesquisadores ouvidos ressaltaram que reconhecimento é importante, mas apontaram obstáculos antigos: falta de financiamento, poucos incentivos e necessidade de concursos públicos. Como dizem na prática: talento e vontade existem, mas falta estrutura.
“Não é suficiente. Há uma desistência em fazer pesquisa. Infelizmente, vivemos em um mundo que precisa de melhorias na sua vida. As pessoas brincam comigo: ‘Você é um bobo, rapaz, perdendo tempo com isso, vá ganhar dinheiro’. Preciso ter um consultório para viver. Ganho como professor, nada como pesquisador”, disse o especialista em Odontologia Matheus Pithon, da UESB.
“Na Bahia, temos grupos muito qualificados e produtivos, mas ainda precisamos de mais apoio institucional e de políticas públicas que valorizem e fortaleçam as [pesquisas realizadas no] estado”, afirmou a professora e química Luiza Mercante, da UFBA.
O biólogo Eraldo Costa, da Uefs, chamou atenção para a necessidade de concursos: “Ainda é um desafio, o incentivo de concursos no setor. O ideal é uma revitalização do corpo docente. Sem professor produtivo, não vamos a canto nenhum. Falo isso como alguém que vive isso na pele. É preciso ter concurso, senão o curso fecha.”
Contexto nacional
Na comparação com outras instituições brasileiras, houve uma concentração maior em São Paulo: a USP teve 286 pesquisadores na lista e a Unicamp 107. No Nordeste, nenhuma instituição apareceu entre as brasileiras com maior número de cientistas no ranking.
Nomes baianos reconhecidos
Os pesquisadores da Bahia citados na atualização são:
- Universidade Federal da Bahia (UFBA): Sérgio Luís Costa Ferreira (Química); M. Dos S. Pereira (Saúde Pública e Serviços de Saúde); Luiza A. Mercante (Química); Federico Costa (Clínico da Saúde); A. R. Duraes (Clínico da Saúde); Mansueto G. Oliveira Gomes Neto (Clínico da Saúde); Bruno Fonseca-Santos (Clínico da Saúde); Daniel Véras Ribeiro (Tecnologias Habilitadoras e Estratégicas); Antônio Alberto Da Silva Lopes (Clínico da Saúde); Michael Holz (Ciências da Terra e Meio Ambiente); Franklin Riet-Correa (Agricultura, Pesca e Silvicultura).
- Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB): Matheus Melo Pithon (Clínico da Saúde); Marcos Almeida Bezerra (Química).
- Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB): Daniel Piotto (Biologia).
- Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs): Eraldo Medeiros Costa-Neto (Biologia).
A distribuição por áreas mostrou predominância em Clínica da Saúde (5 pesquisadores), seguida por Química (3), Biologia (2) e outras áreas como Saúde Pública, Tecnologias Habilitadoras e Estratégicas, Ciências da Terra e Meio Ambiente e Agricultura, Pesca e Silvicultura.
O ranking selecionou cientistas classificados entre os Top 100.000 globalmente ou entre os Top 2% em seus subcampos, com base no c-score. A atualização considerou citações e indicadores de carreira até o fim de agosto de 2025 e foi organizada pela Editora Elsevier.
Em resumo: o reconhecimento é um incentivo e mostra que há pesquisa ativa na Bahia, mas manter e ampliar esse quadro depende de políticas públicas, concursos e financiamento. Além disso, as posições podem mudar em futuras atualizações — ciência é um movimento, não uma placa fixa.