Márcia Novais, esposa do prefeito de Cordeiros (BA), foi uma das cerca de 1,2 milhão de pessoas excluídas do Bolsa Família em 2025, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social divulgado pela plataforma Fiquem Sabendo via Lei de Acesso à Informação.
O benefício e o período de manutenção
Ela recebia, conforme as regras do programa, aproximadamente R$ 800 por mês — sendo R$ 600 do valor base e R$ 200 em adicionais por ter dois filhos (um de até 6 anos e outro entre 7 e 17 anos). O pagamento foi mantido por oito meses após o marido assumir a prefeitura, totalizando R$ 6.400 nesse período.
Renda familiar e remuneração do prefeito
O marido, Devani Pereira da Silva (PDT), foi eleito em 6 de outubro de 2024 pela coligação PDT, União Brasil e PL, com 2.984 votos. Desde que tomou posse, em janeiro de 2025, sua remuneração mensal passou a ser de R$ 15.000, conforme lei municipal promulgada em junho de 2024 pelo então prefeito Delci Alves.
Com a soma do salário do prefeito e do benefício, a renda familiar chegou a R$ 15.800 por mês — ou R$ 126.400 ao longo dos oito meses em que o pagamento do Bolsa Família foi mantido. Esse montante, nos dados oficiais, equivale a quase 60 vezes o limite de renda per capita exigido para participação no programa, fixado em R$ 218 mensais.
Patrimônio e recursos de campanha
Devani já era figura conhecida na política local e foi presidente municipal do PDT. À Justiça Eleitoral, declarou um patrimônio de R$ 1,28 milhão, composto, segundo sua prestação de contas, por:
- R$ 990 mil em propriedades rurais;
- R$ 200 mil em animais de grande porte;
- o restante em dinheiro em espécie e animais de pequeno porte.
Na campanha de 2024, declarou haver recebido R$ 138 mil em recursos, sendo R$ 50 mil de fundos partidários e R$ 88 mil do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Ao final do pleito, restaram oficialmente R$ 0,50 do FEFC e R$ 33,72 do fundo partidário.
O contexto da revisão cadastral
O caso da primeira-dama ocorreu no mesmo contexto de uma revisão cadastral do Bolsa Família que, segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, visava identificar irregularidades e atualizar registros no Cadastro Único (CadÚnico). A revisão levou à exclusão de cerca de 1,2 milhão de beneficiários em todo o país.
Na divisão por unidades federativas, a Bahia foi o segundo estado com maior número de cortes, atrás apenas de São Paulo — por volta de 85 mil famílias baianas deixaram de receber o benefício em 2025. Com os ajustes, o total de beneficiários no país caiu para menos de 20 milhões, o menor patamar desde 2022.