Imagine um técnico saindo para um chamado com um tablet na mão, consultando um assistente virtual como se fosse uma segunda opinião. Nos Estados Unidos, empresas de serviços têm integrado o ChatGPT tanto ao trabalho de campo quanto às rotinas de escritório — afetando orçamentos, emissão de faturas e diagnósticos técnicos.
Como têm usado
Em Milwaukee, no Wisconsin, a Oak Creek Plumbing & Remodeling equipou cerca de 20 encanadores com tablets que rodam o chatbot. Os profissionais fotografam o equipamento avariado, descrevem o problema em prompts e recebem listas de recomendações sobre intervenções possíveis. Com o tempo, funcionários mais experientes passaram a fazer perguntas mais precisas e se mostraram impressionados com as respostas.
O investimento foi compensador, disse Dan Callies, presidente da Oak Creek Plumbing & Remodeling.
Ferramentas de IA também foram incorporadas a plataformas especializadas, como ServiceTitan e Housecall Pro. Em Niceville, na Flórida, a Gulfshore Air Conditioning & Heating adotou um fluxo em que o cliente só fala com um atendente humano quando o técnico chega ao local; antes disso, todo o processo é automatizado por IA. A empresa registrou um aumento de US$ 370.000 na receita após 30 dias e um crescimento médio do ticket em US$ 150.
Esses ganhos também facilitaram a venda de serviços e acessórios adicionais pelos técnicos e abriram a possibilidade de ampliar pacotes de remuneração nos meses seguintes.
Impacto no dia a dia e na formação
Uma pesquisa da Housecall Pro indicou que cerca de 40% dos profissionais do setor de serviços na América do Norte passaram a usar ferramentas de IA ativamente. Para especialistas, automatizar tarefas administrativas liberou os trabalhadores para se concentrarem nas atividades práticas que mais agregam valor.
Laura Ullrich, economista do site de empregos Indeed, afirmou que automatizar funções administrativas permitia aos trabalhadores focar mais nas partes práticas do serviço.
Na formação profissional, escolas técnicas e programas vocacionais têm ajustado currículos em parceria com empregadores, preparando graduados para vagas que exigem habilidades diferentes das de anos anteriores.
Jason Altmire disse que as instituições buscavam formar profissionais prontos para as vagas que estarão disponíveis no futuro.
Receios e perspectivas
Nem todos adotaram a novidade de imediato. Parte dos profissionais mostrou ceticismo sobre a utilidade da IA em ofícios manuais. Líderes do setor reconheceram essa hesitação, mas também notaram avanço na adoção das ferramentas.
Edward McFarlane, do conselho da Air Conditioning Contractors of America, afirmou que havia alguma hesitação entre os comerciantes, mas que a tendência vinha crescendo.
O relato sobre a incorporação do ChatGPT e de sistemas especializados nos Estados Unidos serviu de referência para empresas e instituições de formação no Brasil, inclusive para empreendedores e escolas na Bahia, que acompanharam a adoção no exterior em busca de modelos para aumentar produtividade e eficiência.
Não é uma solução milagrosa, mas a IA já se mostrou uma ferramenta prática no dia a dia dos serviços — uma espécie de caixa de ferramentas digital que ajuda a acelerar diagnósticos, organizar processos e abrir novas oportunidades de negócio.