No Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador, a exposição Ancestral: Afro-Américas esteve em cartaz de 26 de setembro de 2025 a 1º de fevereiro de 2026. Realizada em parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a mostra reuniu mais de 60 artistas do Brasil e dos Estados Unidos e contou com onze nomes baianos.
Artistas da Bahia
Entre os representantes da Bahia estavam:
- Sérgio Soarez
- Mayara Ferrão
- Jayme Figura
- Eneida Sanches
- José Adário
- Mestre Didi
- Rubem Valentim
- Lita Cerqueira
- Agnaldo Manuel dos Santos
- Nádia Taquary
- Emanoel Araújo
Sérgio Soarez foi autor de Cristalina, uma escultura de parede construída com madeira, cristais e um jarro banhado a prata, em homenagem a orixás femininas como Yemanjá.
Álbum de Desesquecimentos, de Mayara Ferrão, trouxe uma série de fotografias geradas com a ajuda de Inteligência Artificial, projetando um Brasil colonial em que mulheres negras aparecem livres para viver e expressar seus afetos.
A artista Eneida Sanches, em parceria com o nova-iorquino Tracy Collins, assinou Transe e Memória, obra que mistura gravuras e imagens em movimento.
“A nossa obra retrata as experiências negras em duas partes do continente americano. Por vezes elas se reconhecem e por vezes divergem nas suas singularidades”, diz Eneida.
Memória e diálogo
A mostra também revisitava legados de artistas já falecidos, como Jayme Figura, Mestre Didi, Agnaldo Manuel dos Santos e Rubem Valentim. Jayme Figura esteve representado por duas esculturas performáticas alinhadas ao percurso que desenvolveu nas ruas do Centro Histórico de Salvador. Mestre Didi teve três obras inseridas, com claras conexões às religiões de matriz africana.
Do lado dos Estados Unidos, a curadora Ana Beatriz Almeida destacou Simone Leigh. Sua escultura Las Meninas dialogou com a cultura baiana e com o candomblé, sendo mencionada por sua trajetória estética e política ligada ao feminismo. Também participou Leroi Johnson, com a tela A Crucificação, que retratou um Cristo negro.
“Eu cresci em contato com a Igreja Católica e não havia nenhuma imagem com a qual eu pudesse me identificar. O Cristo, para mim, é negro. E ele pode ser, para você, branco, amarelo, vermelho. Para mim, é negro e deveria ser assim representado”, disse Leroi Johnson.
A direção artística da mostra ficou a cargo de Marcello Dantas, e uma seção dedicada à arte tradicional africana recebeu curadoria de Renato Araújo da Silva.
Visitação e ingressos
O MUNCAB funcionou de terça a domingo, das 10h às 17h, com entrada permitida até às 16h30. Os ingressos foram vendidos na bilheteria do museu e nos sites museuafrobrasileiro.com.br e bb.com.br/cultura. A entrada custou R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), com clientes do Banco do Brasil tendo direito à meia. Havia gratuidade para todos os visitantes às quartas-feiras e aos domingos.
Em resumo: Ancestral: Afro-Américas reuniu mais de 60 artistas e trouxe um encontro entre passado e presente, entre continentes — uma mostra que deixou marca na cena cultural de Salvador.