Os videogames se tornaram, nas últimas décadas, um dos principais pontos de encontro entre jovens. Entre rapazes de 15 a 24 anos, o tempo dedicado a jogos mais que dobrou — hoje são cerca de 10 horas semanais, segundo dados da Pesquisa Americana de Uso do Tempo citados em reportagem do New York Times. No Brasil, o fenômeno ganhou atenção nacional e também repercutiu em Salvador, na Bahia, onde escolas e famílias passaram a debater os efeitos sobre educação e bem‑estar juvenil.
O que mudou?
Os ambientes virtuais redesenharam amizades e rotinas. Para muitos jovens, os jogos oferecem um senso de pertencimento — especialmente para quem se sentia mais isolado fora das telas. Ao mesmo tempo, professores e economistas notaram consequências praticas: distração em sala de aula e menor engajamento no mercado de trabalho entre alguns estudantes.
Por que o uso aumentou?
Na década de 2010, o avanço de títulos gratuitos e multiplataforma ajudou a ampliar o engajamento. Empresas passaram a rentabilizar o tempo do usuário com sistemas de recompensas, atualizações frequentes e compras dentro do jogo. Esse modelo intensifica a imersão e, para uma parcela dos jogadores, pode levar a comportamentos comparáveis ao vício.
Estudos também apontam maior vulnerabilidade entre meninos, atraídos por elementos competitivos e recompensas rápidas. Muitas vezes, o autocontrole dos responsáveis encontra dificuldade diante de mecanismos pensados para prender a atenção do jogador.
Como famílias e escolas podem responder?
A proibição total quase nunca foi a recomendação dos especialistas. Em vez disso, sugerem medidas práticas e conversadas, como:
- Acompanhamento próximo das atividades de jogo.
- Participação dos pais em sessões de jogo, para entender o conteúdo e o contexto.
- Estabelecer limites claros de tempo de tela.
- Dialogar sobre riscos potenciais: dependência, assédio e exposição a jogos de azar.
Pesquisadores insistem que a prevenção e o monitoramento por parte de pais e educadores continuam essenciais diante do crescimento do setor. O debate sobre políticas de proteção digital e orientação às famílias segue ganhando espaço entre agentes de educação e saúde pública.
Não há soluções fáceis, mas com diálogo, acompanhamento e regras claras é possível equilibrar os benefícios sociais dos jogos com a proteção ao desenvolvimento dos jovens.