Pesquisadores da Universidade de Cruzeiro do Sul publicaram um estudo que chama atenção: compostos do chá verde alteraram o metabolismo do músculo esquelético em camundongos submetidos a uma dieta rica em gordura, com melhora na sensibilidade à insulina e na tolerância à glicose. A descoberta pode ter impacto em estratégias de prevenção e manejo da obesidade, especialmente na Bahia.
O que foi feito
Para aproximar o modelo da realidade humana, a equipe alimentou camundongos com uma dieta hiperlipídica — pensada para reproduzir efeitos da obesidade — e, em seguida, introduziu o consumo de chá verde. Os animais foram divididos em três grupos para comparação, evitando condições de laboratório que poderiam falsear os resultados.
Principais achados
Os animais que consumiram o chá verde apresentaram melhorias claras no controle glicêmico em relação aos outros grupos. Entre os pontos observados:
- Melhora na tolerância à glicose e na sensibilidade à insulina;
- Redução da glicemia de jejum;
- Aumento da área da seção transversal das fibras do músculo gastrocnêmio;
- Maior expressão de genes relacionados ao metabolismo lipídico;
- Elevação da expressão de genes ligados à captação de glicose e à atividade da lactato desidrogenase;
- Sem efeito detectado na oxidação de ácidos graxos.
Os autores interpretaram esses sinais como uma atenuação dos efeitos negativos da dieta sobre a estrutura e a expressão gênica do músculo esquelético — mudanças compatíveis com um melhor manejo da glicose pelo tecido muscular.
O que isso significa na prática?
É tentador pensar que beber chá verde pode ajudar no controle metabólico, mas há uma ressalva importante: o estudo foi feito em camundongos. Então, será que os mesmos benefícios aparecem em humanos? Ainda não se sabe. O trabalho aponta um potencial uso do chá verde como ferramenta complementar em programas de prevenção e controle de distúrbios metabólicos, algo que gestores de saúde pública na Bahia poderiam considerar com cautela.
Os autores lembram que são necessários estudos clínicos para avaliar se essas alterações metabólicas se repetem em pessoas e como poderiam ser aproveitadas em tratamentos ou políticas públicas.
O estudo foi publicado na revista Cell Biochemistry & Function, e os pesquisadores defendem investigações adicionais para confirmar a aplicabilidade clínica dos achados.