A Câmara Municipal de Salvador aprovou, na última quarta-feira (1º), um projeto que autoriza a Prefeitura a contratar um empréstimo de R$ 95 milhões junto à Caixa Econômica Federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O objetivo é renovar por completo a frota do Subsistema de Transporte Especial Complementar (STEC), conhecido pelos passageiros como os “amarelinhos”.
O que foi aprovado
O dinheiro foi aprovado por ampla maioria e será usado exclusivamente para a compra de 180 novos ônibus do STEC, com previsão de entrega até junho de 2026. A Secretaria de Mobilidade (Semob) também informou que, no total, a meta é renovar 700 veículos entre os subsistemas STEC e STCO.
Controvérsia sobre o modelo
Um dos pontos que abriu debate foi a indicação da Semob de que alguns trechos podem receber veículos menores, parecidos com os usados no sistema Integra. Mas será que ônibus menores atendem às mesmas necessidades de conforto e acessibilidade?
O sindicato que representa os trabalhadores do STEC, por meio do presidente Ivanildo Ramos, contestou a mudança. Ramos afirmou: “Esses veículos menores são mais frágeis e têm menos acessibilidade. A porta do meio, no modelo atual, é usada exclusivamente para o elevador. Se reduzirmos para dois acessos, a mobilidade das pessoas com deficiência será comprometida.”
Ele também descreveu as características dos ônibus em operação hoje:
- Comprimento de 9,6 metros;
- Capacidade aproximada de 15 toneladas;
- 23 assentos;
- Três portas, sendo uma equipada com elevador para cadeirantes.
Impacto no movimento
Segundo o sindicato, o STEC transporta cerca de 60 mil passageiros por dia hoje — número que já chegou a 100 mil quando a frota tinha 291 veículos. Atualmente circulam 180 ônibus, e a entidade estima que a adoção de veículos menores poderia reduzir a demanda entre 20% e 30%. O sindicato aguarda convocação da Semob para negociar o modelo final dos novos ônibus.
Próximos passos e prazos
A Semob informou que as análises sobre tipologia e especificações dos veículos começariam na segunda quinzena de outubro e que será contratada uma consultoria especializada para subsidiar a decisão. A secretaria também está focada na licitação para a compra de novos ônibus do Integra — processo que, segundo o secretário, garantiu o menor preço de compra do país naquele ano e possibilitou a aquisição de mais 100 ônibus.
O secretário municipal de Mobilidade, Pablo Souza, destacou que, até o momento, ainda não havia definição final sobre a mudança de tipologia e que a previsão é que a nova frota do STEC comece a operar a partir de junho de 2026, prazo sujeito a ajustes conforme o rito licitatório. Segundo ele, Salvador foi a única cidade brasileira a pedir empréstimo ao PAC para renovar a frota complementar.
No plenário
No voto, parlamentares de diferentes bancadas mostraram apoio à renovação. As vereadoras Aladilce Souza (PCdoB) e Marta Rodrigues (PT) afirmaram que a troca da frota é importante para a mobilidade urbana. O presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB), disse que o subsídio buscava evitar um reajuste nas tarifas — sem a medida, havia previsão de aumento de 6,03%. O líder do governo, vereador Kiki Bispo (União), classificou a aprovação como “um marco para o transporte público de Salvador”. A única discordância registrada foi do vereador Hamilton Assis (PSOL), que defendeu a implantação gradual da tarifa zero como alternativa.
A decisão abre caminho para a renovação, mas deixa em aberto a definição do modelo ideal de ônibus para cada rota. As próximas etapas serão as análises técnicas e as negociações com as partes interessadas, na tentativa de conciliar eficiência, custos e acessibilidade.