Em maio de 2025, a China colocou em órbita os primeiros satélites da Three-Body Computing Constellation, uma rede pensada para funcionar como o primeiro supercomputador de inteligência artificial no espaço — um data center orbital que processa dados antes de enviá‑los à Terra.
A proposta é direta: realizar o processamento no próprio satélite e transmitir apenas resultados e alertas, em vez de enormes volumes de dados brutos. O projeto mira uma capacidade de até mil petaoperações por segundo, o que permitiria análises complexas já em órbita.
Por que isso importa
Que problema isso resolve? Além de reduzir o tráfego de informação, os idealizadores destacam benefícios ambientais e operacionais.
- Energia solar contínua em órbita e o vácuo como sistema natural de refrigeração, reduzindo a necessidade de água para resfriamento e potencialmente a pegada de carbono.
- Processamento local permite que sensores e satélites rodem algoritmos de reconhecimento e detecção de mudanças no próprio espaço, enviando apenas análises prontas e economizando largura de banda.
- Aplicações práticas incluem previsão do tempo mais rápida, monitoramento ambiental e apoio a decisões de segurança nacional, por reduzir o tempo entre coleta e análise.
Desafios e limites
Mas a iniciativa também enfrenta barreiras técnicas e econômicas.
- É preciso projetar componentes capazes de resistir à radiação, ao vácuo e às grandes variações térmicas.
- Reparos e atualizações dependem de missões dispendiosas e arriscadas.
- O lançamento e a manutenção da infraestrutura implicam custos estimados em bilhões de dólares.
- A escalabilidade é limitada: ampliar o modelo para substituir data centers terrestres exigiria estruturas bem maiores e tecnologia ainda não madura.
Propostas semelhantes já haviam sido avaliadas em estudos por figuras e organizações como Jeff Bezos, a União Europeia e empresas dos Estados Unidos, mas foi a China que transformou a ideia em um teste operacional em órbita.
E agora?
Os próximos passos são analisar os resultados operacionais e a viabilidade econômica e técnica da constelação. Só assim será possível decidir se o experimento vai abrir caminho para uma nova infraestrutura digital orbital ou permanecer como um pioneirismo isolado.
Será que veremos data centers no espaço virar rotina? Ainda é cedo para dizer.