A Estação Espacial Internacional acompanhou a presença humana no espaço desde o início dos anos 2000. Suas operações foram mantidas até 2030 e a estrutura teve previsão de reentrada controlada no Oceano Pacífico em 2031.
O que isso realmente significa para a ciência e para a presença humana em órbita? Mesmo com o fim programado da ISS, o trabalho que vinha sendo feito lá serviu de base para novas iniciativas e para a continuidade das pesquisas em outras plataformas.
Um laboratório que mudou tudo
Projeto conjunto de cinco agências espaciais, a ISS funcionou como um laboratório de microgravidade único. Foram realizados milhares de experimentos que só eram possíveis nesse ambiente — algo parecido com ter um laboratório flutuante onde se testavam ideias que jamais se realizariam na Terra do mesmo jeito.
Ao longo das décadas, mais de 4 mil experimentos foram conduzidos a bordo, resultando em mais de 4.400 artigos científicos em áreas como ciências de materiais, biotecnologia, astronomia e astrofísica, ciências da Terra e combustão.
- Estudos a bordo ajudaram a esclarecer fenômenos como tempestades elétricas;
- foram aprimorados processos de cristalização de medicamentos usados no combate ao câncer;
- detalhou-se o cultivo de retinas artificiais em ambiente orbital;
- investigou-se o processamento de fibras ópticas ultrapuras;
- e foram desenvolvidas técnicas para sequenciar DNA em órbita.
Parcerias e o caminho para o futuro
O professor John M. Horack, da The Ohio State University, ressaltou a relevância científica da estação e apontou que a NASA e seus parceiros buscavam alternativas para manter tanto a presença humana quanto a pesquisa na baixa órbita terrestre após a aposentadoria da ISS.
Ao longo dos anos, a agência passou a enviar suprimentos por meio de parceiros comerciais e firmou acordos para transportar tripulantes com a SpaceX (cápsula Dragon) e a Boeing (nave Starliner). Com base nesses programas, a NASA investiu mais de US$ 400 milhões para incentivar o desenvolvimento de estações espaciais comerciais.
Em setembro daquele ano, a agência divulgou um anúncio preliminar para a Fase 2 de criação de estações comerciais: as empresas selecionadas receberiam financiamento para apoiar revisões críticas de projeto e demonstrar estações capazes de abrigar quatro pessoas em órbita por pelo menos 30 dias.
Quem fica no espaço enquanto isso?
Enquanto novas estações comerciais eram desenvolvidas, a China manteve astronautas a bordo da estação Tiangong, uma instalação tripulada por três pessoas em órbita a cerca de 402 km da superfície, em operação havia aproximadamente quatro anos. Se a ocupação contínua da ISS chegasse ao fim, a Tiangong assumiria o posto de estação habitada por mais tempo em atividade.
As iniciativas comerciais e os acordos de transporte foram, portanto, apresentados como caminhos para garantir a continuidade das pesquisas que vinham sendo realizadas a bordo da ISS, mantendo viva uma parte importante da ciência orbital construída nas últimas décadas.