Salvador, na Bahia — Escolher o nome de um carro é mais do que batizar um produto; é dar uma identidade capaz de abrir portas — ou fechá‑las. Montadoras gastam meses e recursos nesse processo, reunindo marketing, design, consultoria linguística e assessoria jurídica.
Como nascem os nomes
Não existe uma fórmula única. Algumas marcas preferem números, outras optam por siglas, palavras inventadas ou referências culturais. O trabalho costuma envolver dezenas de sugestões, várias rodadas de avaliação, testes de pronúncia e checagens de tradução.
Também há etapas burocráticas essenciais: verificar registros de marca e consultar advogados para evitar disputas ou confusões no mercado. Se um nome não é seguro para todos os países visados, volta para a prancheta.
Exemplos e cuidados
Algumas empresas seguem métodos organizados. A Honda, por exemplo, montou equipes internas que levantaram opções, votaram e selecionaram nomes como HR‑V (Hi‑rider Revolutionary Vehicle), CR‑V (Comfortable Runabout Vehicle) e WR‑V (Winsome Runabout Vehicle). A Porsche preferiu a sequência numérica histórica, do 356 até consolidar o 911 como ícone da marca.
Outras montadoras buscaram inspiração cultural. A Lamborghini manteve a tradição de nomes ligados ao mundo das touradas — como Miura, Diablo e Murciélago — e a Volkswagen usou termos para reforçar o posicionamento de seus SUVs, como o Tera. Por outro lado, o caso do Mazda Laputa mostrou que um nome pode soar mal em outro idioma e prejudicar a imagem em mercados como os da América Latina.
Modelos que viraram símbolos culturais evidenciam o valor da nomenclatura: Fusca, Mustang, Civic e Ferrari Testarossa são exemplos de nomes que carregam história e ajudam relançamentos e edições especiais.
Por que isso faz diferença
Depois da escolha vêm os testes de registro e as avaliações finais. Quando necessário, fabricantes renomeiam modelos ou fazem novas rodadas de criação para adaptar o produto a mercados específicos. É uma etapa obrigatória antes da comercialização.
No fundo, um nome pode atrair compradores, evitar problemas legais e proteger a imagem da marca. Vale o cuidado — afinal, quem nunca julgou um produto só pelo nome?