Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, desenvolveram um método rápido e de baixo custo para identificar adulterações em bebidas destiladas, incluindo a presença de metanol, com até 97% de acurácia. A tecnologia, validada em estudos publicados em periódicos internacionais de alimentos, está sendo preparada para uso em maior escala e inspirou o desenvolvimento de um canudo que muda de cor ao contato com a substância.
A técnica utiliza radiação de luz infravermelha diretamente sobre a garrafa — mesmo lacrada. A vibração molecular gerada pela luz é interpretada por um software que aponta alterações na composição original do líquido, desde a diluição com água até a presença de metanol. O procedimento dispensa reagentes químicos e fornece resultado em poucos minutos, o que facilita fiscalizações e análises laboratoriais. Inicialmente aplicada à cachaça, a metodologia também é indicada para outros destilados.
Segundo a equipe, a proposta do canudo indicador é ampliar a segurança do consumidor. O material será impregnado com um reagente que promoverá mudança visível de cor em contato com metanol. A universidade estuda caminhos de produção para disponibilizar a solução em maior escala e permitir uso por órgãos fiscalizadores.
O avanço ocorre em meio ao aumento de notificações de intoxicação por metanol em diferentes estados. Até o início da noite de 3 de outubro, o Ministério da Saúde registrava 113 notificações, com 11 casos confirmados e 102 em investigação, em São Paulo, Pernambuco, Bahia, Paraná, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. Na Paraíba, não havia casos suspeitos reportados até a publicação das reportagens. O governo federal anunciou ainda a aquisição de antídotos para reforçar o atendimento a possíveis vítimas.
O método paraibano soma-se a outras iniciativas em desenvolvimento no país, como testes colorimétricos de baixo custo estudados por pesquisadores da Unesp, que indicam presença de metanol pela mudança de cor em etapas rápidas de reação. Juntas, as soluções buscam oferecer respostas complementares à fiscalização e à prevenção de intoxicações em bebidas adulteradas.
No momento, os pesquisadores trabalham na escalabilidade do equipamento com infravermelho, no aprimoramento do algoritmo de classificação e na validação do canudo detector, enquanto autoridades de saúde mantêm o monitoramento dos casos e ações de fiscalização.
