Um estudo da UW Medicine, publicado na revista Fertility and Sterility, analisou amostras de sêmen coletadas em Seattle entre 2018 e 2022 e encontrou alterações na qualidade do esperma após exposição à fumaça de incêndios florestais.
Como foi o estudo
A equipe avaliou o sêmen de 84 homens que fizeram inseminação intrauterina na cidade. Os pesquisadores aproveitaram períodos de fumaça intensa registrados em 2018, 2020 e 2022 para comparar amostras coletadas antes, durante e depois desses eventos, seguindo a metodologia descrita no artigo.
Principais achados
- Queda na concentração e na contagem total de espermatozoides.
- Redução no número de células móveis e de células progressivamente móveis.
- Houve uma pequena elevação na porcentagem de espermatozoides progressivamente móveis, mas insuficiente para compensar as perdas nos demais indicadores.
Os achados reforçam evidências de que fatores ambientais — em especial a poluição gerada por incêndios — podem impactar a saúde reprodutiva, disse Dr. Tristan Nicholson.
O que isso significa na prática
Apesar das alterações nos parâmetros seminais, as taxas de gravidez e de nascidos vivos observadas entre os pacientes estudados permaneceram próximas à média do serviço. Então, isso muda imediatamente as chances de quem tenta ter um filho? Não necessariamente — os resultados mostram uma alteração nos marcadores laboratoriais, mas o impacto clínico ainda não está totalmente claro.
Os autores enfatizam a necessidade de mais investigações para entender por quanto tempo esses efeitos duram e quanto tempo a contagem de espermatozoides leva para se recuperar após a exposição.
Como desdobramento, já foi iniciado em Seattle um estudo piloto longitudinal para acompanhar ao longo do tempo a recuperação dos parâmetros seminais em pacientes expostos à fumaça, com o objetivo de fornecer dados mais robustos para avaliações clínicas futuras.
Resumo: exposição à fumaça de incêndios florestais foi associada a redução na concentração e na mobilidade do esperma em amostras analisadas, enquanto as taxas de gravidez observadas permaneceram estáveis; mais pesquisas são necessárias para entender a duração e a recuperação desses efeitos.