Um cometa interestelar ficou no centro de uma expectativa: um modelo da NASA indicou que uma ejeção de massa coronal (CME) lançada em 19 de setembro poderia interceptar o cometa 3I/ATLAS entre 24 e 25 de setembro. Nos dias anteriores, o cometa SWAN (C/2025 R2) quase teve a cauda arrancada por uma rajada do vento solar. Até agora não há confirmação de impacto, mas o episódio virou motivo para ações de educação científica na Bahia e chamou atenção em nível nacional.
O que se observou
Desconexões de cauda — quando partes da cauda se separam por causa de partículas e campos magnéticos — são comuns em cometas que cruzam material expelido pelo Sol. O diferencial aqui é que isso nunca tinha sido observado em um objeto de origem interestelar.
Na história recente, só três visitantes desse tipo foram identificados:
- ‘Oumuamua’ (2017)
- Cometa Borisov (2019)
- 3I/ATLAS (descoberto em julho deste ano)
Alguns veículos internacionais chegou a especular que o 3I/ATLAS poderia ter sido atingido enquanto seguia em direção a Marte a cerca de 219 mil km/h, mas agências e observatórios ainda não confirmaram essa versão.
O brilho e a cor
Ao longo de setembro o cometa ficou muito mais brilhante. Em 17 de setembro, os astrofotógrafos Gerald Rhemann e Michael Jäger registraram uma mudança de magnitude de cerca de 16 para 12 — o que corresponde a um aumento aproximado de 40 vezes no brilho desde o início do mês. O tom esverdeado visto nas imagens foi interpretado como emissão de carbono diatômico, que brilha nessa cor quando excitado pela radiação ultravioleta do Sol.
Tamanho, massa e composição
Estudos baseados em milhares de observações feitas por mais de 200 telescópios entre maio e setembro estimaram o núcleo do cometa em pelo menos 5 quilômetros de diâmetro e uma massa superior a 33 bilhões de toneladas. Essa massa foi inferida ao comparar a trajetória prevista apenas pela gravidade com a rota real do objeto — diferença que sugere forças não gravitacionais atuando sobre ele. Imagens do telescópio espacial SPHEREx, da NASA, também indicaram abundância de dióxido de carbono na coma.
As principais agências e plataformas — incluindo a NASA, a NOAA, o serviço SpaceWeather.com e o sistema ATLAS — não divulgaram boletins ou imagens confirmando um choque entre a CME e o cometa. Não houve relatos confiáveis de fragmentação ou perturbações atribuíveis a um impacto. A comunidade astronômica manteve monitoramento intensivo, sabendo que o objeto ficaria difícil de observar a partir do início de outubro, quando passaria para o lado oposto do Sol; o periélio estava previsto para 29 de setembro.
Por que isso importa
Se a colisão prevista for confirmada posteriormente, seria a primeira oportunidade para ver como um visitante interestelar reage a rajadas de plasma solar — uma chance única de obter pistas sobre sua composição e resistência. Equipes que acompanham o cometa já programaram levantamentos e análises para buscar essas informações.
O que vem a seguir? A comunidade científica segue de olhos nos dados. É acompanhando, comparando e revisando evidências que entendemos melhor visitantes como o 3I/ATLAS e o que eles podem nos contar sobre o espaço além do Sistema Solar.