Ondas de calor mais intensas já não são só notícias: elas mudaram a rotina de cidades e campos. Pesquisadores alertam que existe um limite físico para o corpo humano quando consideramos calor e umidade juntos — a chamada temperatura de bulbo úmido.
O que é temperatura de bulbo úmido?
A temperatura de bulbo úmido combina a temperatura do ar e a umidade para mostrar o quanto nosso corpo consegue se refrescar pelo suor. É uma medida mais realista do perigo do calor do que só olhar os graus do termômetro.
Por que 35 °C é tão preocupante?
Os estudos indicam que, ao redor de 35 °C de bulbo úmido, o corpo praticamente perde a capacidade de se resfriar. Resultado: risco alto de insolação e falência de órgãos — e, em poucas horas, até de morte.
O perigo aumenta se essa condição se mantiver por longos períodos. Se a temperatura de bulbo úmido ficar acima de 35 °C por mais de seis horas, mesmo pessoas saudáveis podem ter problemas sérios de saúde.
Para visualizar: 35 °C de bulbo úmido é aproximadamente equivalente a 45 °C com 50% de umidade — uma combinação que pode fazer a sensação térmica chegar a cerca de 71 °C.
Quem sofre primeiro?
Grupos vulneráveis sentem os efeitos muito antes do limite teórico. Idosos, pessoas com doenças crônicas ou que tomam medicamentos são especialmente afetados. O calor tende a agravar problemas como pressão alta, insuficiência renal e dificuldades respiratórias — por isso especialistas dizem que o calor age como um “multiplicador” de doenças.
Onde isso já apareceu — e para onde pode se espalhar
Eventos breves com temperaturas de bulbo úmido próximas ou acima de 35 °C já foram registrados em lugares como o Vale do Rio Indo, no Paquistão, e no Golfo Pérsico. Com o aquecimento global, a projeção é que essas situações fiquem mais frequentes nas próximas décadas, principalmente em regiões como:
- noroeste do México
- norte da Índia
- Sudeste Asiático
- África Ocidental
Pesquisadores alertam que, em um horizonte de aproximadamente 30 a 50 anos, países da Ásia, do Oriente Médio e da América Latina podem enfrentar episódios insuportáveis de calor, o que exige planejamento para proteger trabalhadores, atletas e comunidades inteiras.
Mesmo que parássemos de emitir gases de efeito estufa hoje, o planeta ainda continuaria aquecendo — Colin Raymond, NASA
“multiplicador de força da doença” — Pope Moseley, Universidade Estadual do Arizona
Em resumo: o número 35 °C não é um detalhe técnico — é um alerta prático. É preciso considerar essas informações ao planejar atividades ao ar livre, postos de trabalho e políticas públicas, especialmente para proteger quem é mais vulnerável.