Um estudo publicado no European Journal of Information Systems mostra algo que muitos de nós já desconfiavam: fazer várias coisas ao mesmo tempo torna mais fácil cair em golpes de phishing.
O que os pesquisadores fizeram
Os autores testaram quase 1.000 participantes em tarefas que exigiam memória e atenção. Em vez de supor que o usuário está sempre concentrado ao receber um e‑mail, os pesquisadores colocaram pessoas em situações de sobrecarga cognitiva para ver como isso afetava a capacidade de reconhecer mensagens fraudulentas.
Principais resultados
Com a carga de memória mais alta, a precisão na identificação de e‑mails legítimos versus fraudulentos caiu de forma significativa. Ou seja: quanto mais distraída a pessoa, maior a chance de não perceber sinais de phishing. Para ter uma ideia da escala do problema, a Forbes já estimou que cerca de 3,4 bilhões de e‑mails de phishing eram enviados por dia no mundo.
- Em tarefas desafiadoras de memória, os participantes ignoraram mais sinais de alerta;
- A atenção dividida prejudicou o julgamento, tornando difícil distinguir golpes de mensagens legítimas;
- Com carga mental menor, a detecção de phishing melhorou.
Alertas e intervenções que funcionaram
Mensagens simples de lembrete ajudaram a trazer a atenção de volta e aumentaram a vigilância, mesmo quando os participantes estavam multitarefando. Um exemplo citado foi: “Cuidado, algumas mensagens podem ser tentativas de phishing”. Avisos mais incisivos — mencionando risco de roubo de dados ou bloqueio de conta — também elevaram a atenção dos voluntários.
Como disse Xuecong Lu, professor assistente de segurança da informação e perícia digital na Escola de Negócios Massry da Universidade de Albany: “Precisamos de intervenções que alcancem as pessoas no momento, quando elas estão distraídas e menos capazes de detectar o perigo”.
Recomendações práticas
Os autores sugerem adaptar medidas ao contexto real do usuário, por exemplo:
- treinamentos de segurança que considerem condições de multitarefa;
- incorporação de alertas contextuais, como lembretes ou pop‑ups direcionados;
- educação sobre as táticas que golpistas usam para explorar vulnerabilidades humanas.
Em resumo: não basta treinar as pessoas em um ambiente ideal — é preciso criar intervenções que cheguem até elas nos momentos de distração, para aumentar a detecção de tentativas de phishing e reduzir riscos reais.