Um cachorro batizado de Irajá foi baleado na comunidade Para-Pedro, em Irajá, na Zona Norte do Rio, na manhã de quinta-feira (25). Segundo moradores, o animal havia sido “jurado de morte” por traficantes da região por latir demais e, assim, chamar a atenção de policiais ou de pessoas de fora — o que, na visão dos criminosos, poderia atrapalhar a rotina do tráfico.
O disparo atingiu a pata dianteira esquerda, que acabou quebrada, resultando ainda na perda de um dos dedos. Resgatado por equipes da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (SMPDA), o cão foi levado ao Hospital Veterinário Jorge Vaitsman, onde passou por cirurgia e segue em recuperação sob observação clínica.
De acordo com o secretário Luiz Ramos Filho, a SMPDA tem recebido chamados de animais feridos por balas perdidas ou atacados após “incomodarem” o crime local, com latidos ou movimentos de proteção a lares. Segundo ele, o resgate foi imediato pela avaliação de que o cão seguia em risco dentro da comunidade. A Polícia Militar informou que não havia operação policial no horário do disparo.
O caso ocorreu menos de 24 horas depois de outra ocorrência semelhante. Na quarta-feira (24), a cadela Nina foi atingida por bala perdida durante confronto no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho. Ela recebeu atendimento inicial no posto veterinário municipal e foi transferida ao mesmo hospital, onde passou por cirurgia com fixador externo e recebeu alta no dia seguinte, segundo a tutora e a SMPDA.
No início do mês, um pitbull chamado Hércules levou três tiros na favela do Batan, em Realengo, e também foi atendido no Jorge Vaitsman. Em meio à recorrência dos casos, a Prefeitura informou que vai instituir um protocolo para comunicar às autoridades policiais todas as ocorrências envolvendo animais baleados e contabilizar os atendimentos na rede municipal; somente em setembro, seis animais teriam sido atendidos, segundo a SMPDA.
Irajá permanecerá sob cuidados no hospital e, após alta, será encaminhado a um abrigo municipal, onde poderá ser adotado. A SMPDA orienta interessados a contatarem os canais oficiais do órgão. Até a última atualização, não havia informação sobre prisão de suspeitos nem conclusão pericial sobre o disparo.