A discussão sobre o futuro do TikTok saiu dos gabinetes de Washington e passou a chamar atenção mundo afora — inclusive da Austrália, que vem acompanhando de perto as negociações entre os Estados Unidos e a China.
O que está em jogo
Em 2024, uma lei americana passou a exigir que a operação do TikTok nos EUA fosse vendida — sob risco de banimento. A proposta do governo Trump era que a operação americana fosse transferida para uma empresa dos EUA e que o controle do algoritmo ficasse sob autoridade estadunidense.
O plano detalhava pontos como:
- um conselho de administração com sete assentos, seis deles ocupados por cidadãos americanos;
- o algoritmo sob controle dos Estados Unidos;
- interesse de empresas como a Oracle e a Fox Corporation no consórcio.
Se isso resolvesse o problema da privacidade e da vigilância digital, porém, é outra pergunta importante: quem controla o código do algoritmo é suficiente para garantir mais proteção aos usuários?
Do lado político, o senador australiano James Paterson defendeu que a Austrália adotasse a versão americana do aplicativo caso o acordo se concretizasse, dizendo que ‘seria lamentável’ manter uma plataforma sob a influência de Pequim.
Críticos e especialistas, no entanto, apontaram que o cerne da questão muitas vezes é a vigilância digital, não apenas a titularidade. Tom Sulston, da Digital Rights Watch, alertou que os usuários ‘não terão mais privacidade sob controle americano do que tinham sob controle chinês’.
Além disso, houve preocupação com a concentração de mídia: a entrada de grandes empresas no consórcio poderia ampliar seu poder sobre o debate público. E há dúvidas práticas também — por exemplo, se a Oracle tivesse de reconstruir o algoritmo, como isso afetaria a experiência dos usuários, as recomendações e o engajamento?
O tema ganhou ecos além do hemisfério norte. No Brasil, inclusive em Salvador (Bahia), autoridades e usuários acompanharam os desdobramentos internacionais do caso, mostrando que decisões sobre plataformas digitais têm impacto global.
Enquanto as negociações entre Washington e Pequim continuavam, o debate sobre a adoção internacional da versão americana do TikTok permaneceu em aberto, seguido por governos e organizações de defesa dos direitos digitais.