A startup australiana Diraq, criada na UNSW Sydney, anunciou que seus chips quânticos de silício foram fabricados em escala industrial mantendo 99% de fidelidade. O resultado, feito em parceria com o Instituto Europeu de Nanoeletrônica (Imec), foi descrito em artigo na revista Nature.
O que isso muda na prática?
Os pesquisadores mostraram que os qubits funcionam com a mesma precisão tanto nas linhas de produção de semicondutores quanto nas condições de laboratório — ou seja, deixou de ser apenas um protótipo de bancada. Pense assim: é como levar uma receita testada em casa diretamente para uma cozinha industrial sem perder o sabor.
E por que isso importa? Eles registraram fidelidade superior a 99% em operações de dois qubits, etapas essenciais para cálculos quânticos mais complexos. Esse desempenho foi alcançado ajustando processos e incorporando técnicas já usadas na fabricação de semicondutores.
Andrew Dzurak, CEO da Diraq, resumiu: “Agora está claro que os chips da Diraq são totalmente compatíveis com processos de fabricação que existem há décadas.”
O trabalho reforça o potencial do silício como plataforma para computação quântica, porque permite integrar milhões de qubits em um único chip usando a mesma tecnologia que hoje produz bilhões de transistores.
- Parceria: Diraq + Imec
- Publicação: Nature
- Marco técnico: 99% de fidelidade em operações de dois qubits
Segundo a equipe, esse caminho técnico e industrial aproxima a empresa da chamada “escala de utilidade”, quando um computador quântico passa a gerar valor econômico superior ao custo de operação.
Os autores afirmam que os resultados abrem um caminho econômico e escalável rumo a computadores quânticos tolerantes a falhas, ampliando as perspectivas para dispositivos capazes de resolver problemas além do alcance dos supercomputadores atuais. É um passo concreto que reduz a distância entre laboratório e produção em massa.