Em Paulo Afonso, na Bahia, a corrida por inteligência artificial tem um lado duplo: trouxe dinheiro e valorizou mercados, mas não gerou tantos empregos quanto se esperava.
O contraste entre mercado e trabalho
Nos Estados Unidos, a taxa de desemprego permaneceu baixa, em 4,3%, porém a criação de vagas encolheu. Entre maio e agosto a média foi de apenas 27 mil postos por mês, contra 168 mil no ano anterior.
“Subestimar a engenhosidade das pessoas é presumir que o governo deve ter a resposta para tudo”, disse Jacob Helberg.
No plano político, o governo de Donald Trump passou a ver a IA como um motor de riqueza e defende que o setor privado lidere a adaptação. Legisladores democratas, por sua vez, vêm alertando para os efeitos sociais e pedem políticas públicas de requalificação para quem pode perder a vaga.
“Milhões podem perder seus empregos por causa da IA”, afirmou o senador Mark Kelly.
Para Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, a situação não é um paradoxo: data centers e softwares exigem grandes investimentos de capital, mas relativamente pouca mão de obra.
O mercado refletiu isso: o S&P 500 subiu 13,6% em 2025, enquanto a confiança dos trabalhadores caiu para 45% — o nível mais baixo desde 2013 na pergunta sobre a capacidade de conseguir um novo emprego em até um ano.
Analistas apontam um desafio prático: como transformar ganhos de produtividade em renda e oportunidades sem reproduzir choques passados — por exemplo, a globalização no início dos anos 2000, que elevou salários médios em termos agregados, mas devastou comunidades industriais.
Como resolver isso de forma justa e eficaz? Legisladores democratas dizem que programas de requalificação devem ser prioridade legislativa, para tentar garantir que os benefícios da IA cheguem também aos trabalhadores.