Com o crescimento de centros de processamento de dados para inteligência artificial, a demanda por energia tende a subir bastante: estima-se um aumento de cerca de 56% até 2040 em relação a 2010. Nesse contexto, o hidrogênio verde tem surgido como uma alternativa atraente, especialmente em regiões com grande potencial renovável, como a Bahia.
O que é e por que interessa
O hidrogênio verde é produzido por eletrólise da água usando fontes limpas — solar, eólica ou mesmo nuclear — e não gera dióxido de carbono nesse processo. É um gás atóxico, incolor e insípido; ao queimar com oxigênio, o único subproduto é água. Em termos práticos, é como um combustível que não deixa fumaça.
Também tem alta densidade energética: 1 kg de hidrogênio gera cerca de 141.600 kJ, o que equivale a quase três vezes a energia contida em 1 kg de gasolina. Por isso, é apontado como promissor para setores que são difíceis de descarbonizar.
Riscos e curiosidades
Embora seja inflamável — lembrando o desastre do dirigível Hindenburg, em 1937 — sua baixa densidade faz com que o gás se disperse rapidamente no ar, o que reduz o risco relativo de explosões. Ele é raro na atmosfera, mas abundante em águas subterrâneas e em rochas, onde costuma aparecer acompanhado por outros gases, como o metano.
Onde pode fazer diferença
- Transporte pesado;
- Indústrias químicas e produção de fertilizantes;
- Setores em que a eletrificação direta é difícil.
Além de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa, a expansão do hidrogênio verde pode contribuir para diminuir doenças ligadas à poluição e atenuar impactos associados ao degelo de geleiras e do permafrost.
Os desafios
A principal rota hoje é a eletrólise, que exige grandes volumes de energia limpa. Os obstáculos são claros: o custo da eletrólise ainda é elevado, há necessidade de ampliar a oferta de energia renovável em larga escala e falta infraestrutura para transporte e armazenamento. Guardar hidrogênio exige tanques de alta pressão e instalações especializadas — não é tão simples quanto encher um caminhão-tanque.
No caso de estados com potencial renovável, como a Bahia, a consolidação do hidrogênio verde depende da redução de custos e de investimentos em geração limpa, redes de distribuição e logística de armazenamento e transporte. Políticas de fomento, parcerias público-privadas e avanços tecnológicos serão fundamentais para superar as barreiras econômicas e adaptar a infraestrutura existente.
Será que é uma solução imediata? Provavelmente não. Mas, com decisões e investimentos corretos, o hidrogênio verde pode se tornar uma peça importante na transição para uma economia energética mais limpa.