O calendário de setembro do Bolsa Família começou na quarta (17) e traz mais que números: é o dinheiro que garante feira cheia, gás pago e remédio na mão. São R$ 12,96 bilhões distribuídos para 19,07 milhões de famílias em todos os 5.570 municípios — ao todo, 49,75 milhões de pessoas alcançadas, com benefício médio de R$ 682,22 por lar.
Os pagamentos seguem o modelo de sempre: entram na conta conforme o final do NIS, até 30 de setembro. Pode parecer detalhe técnico, mas esse escalonamento evita filas quilométricas, ajuda a organizar o orçamento da casa e dá previsibilidade para quem vive contando cada real até o fim do mês. Em cidades que enfrentam momentos mais duros — 505 municípios com decreto de emergência ou calamidade — o dinheiro saiu antes, logo no primeiro dia do cronograma. Só aí, 599,86 mil famílias foram alcançadas, com R$ 391,83 milhões liberados, incluindo todos os 497 municípios do Rio Grande do Sul.
Um traço muito brasileiro aparece quando a gente olha quem segura o cartão: as mulheres. Em 16 milhões de lares, são elas as responsáveis pelo benefício — 83,9% do total. E faz diferença. Quando a renda chega às mãos femininas, cresce a chance de virar comida na mesa, caderno na mochila, consulta marcada. Entre todos os beneficiários do mês, 29,12 milhões são mulheres, 58% do público.
Também é impossível falar de Bolsa Família sem encarar nossa desigualdade racial. Dos 49,75 milhões de beneficiários, 36,47 milhões se autodeclaram pretos ou pardos no CadÚnico — 73,31%. O programa, nesse sentido, cumpre um papel concreto de justiça social, levando recurso para quem historicamente teve menos.
Entre os adicionais, a primeira infância é prioridade. O Benefício Primeira Infância soma R$ 150 por criança de zero a sete anos incompletos. Em setembro, 8,41 milhões de pequenos recebem esse reforço — um investimento de R$ 1,19 bilhão. Não é teoria: colocar mais renda no começo da vida melhora nutrição, aprendizagem e saúde. É a diferença entre a criança que chega à escola com energia e a que vai de estômago vazio.
O programa também olha para outras fases da família. Crianças e jovens de 7 a 18 anos incompletos recebem mais R$ 50; são 14,45 milhões contemplados (R$ 667,89 milhões). Gestantes têm adicional de R$ 50 para fortalecer o pré-natal: 623,19 mil mulheres neste mês (R$ 28,95 milhões). E quem cuida de bebês até seis meses conta com R$ 50 do Benefício Variável Nutriz: 302,72 mil famílias (R$ 14,44 milhões). É dinheiro que não sobra, mas que chega onde precisa: fralda, leite, consulta, transporte.
O mapa do benefício também conta uma história. O Nordeste concentra 8,89 milhões de lares e R$ 6,02 bilhões, com tíquete médio de R$ 678,53. No Sudeste, 5,37 milhões de famílias recebem R$ 3,61 bilhões (médio de R$ 677,66). Já o Norte, com 2,48 milhões de lares, tem o maior valor médio: R$ 713,02, refletindo realidades locais — distâncias, custos, tamanho das famílias.
E para quem conseguiu trabalho formal, existe um cuidado importante: a Regra de Proteção. A família pode ficar até 24 meses no programa, recebendo 50% do valor, desde que a renda por pessoa não ultrapasse R$ 706. Em setembro, mais de 2,6 milhões de famílias estão nessa etapa, com média de R$ 374,15. É um empurrão para não ter que escolher entre aceitar um emprego e perder, de uma hora para outra, a segurança mínima do mês.
No fim do dia, o Bolsa Família também movimenta a economia da cidade. Cada real que cai na conta circula no mercadinho, na farmácia, no açougue, e volta em forma de trabalho e arrecadação. O calendário segue até 30/09, quando recebem os titulares com NIS final zero. Para milhões de lares, não é só benefício: é comida, é dignidade, é chance real de tocar a vida com um pouco mais de fôlego.