Joana do Espírito Santo aparece nos documentos com 116 anos e mora na região metropolitana de Maceió, em Alagoas. Esses registros a colocaram como possível candidata ao título — não oficial — de mulher mais velha do mundo.
Documentos e verificação
Com a digitalização de arquivos, bancos de dados como o da entidade LongeviQuest passaram a concentrar informações sobre longevidade. No cadastro público, o primeiro lugar era ocupado pela inglesa Ethel Caterham, nascida em 21 de agosto de 1909, e a brasileira Izabel Rosa Pereira aparecia entre as mais idosas, com 114 anos em 2024. Os papéis de Joana, no entanto, apontavam uma data anterior à de Caterham — mas será que isso basta para uma certificação?
Para entrar em listas internacionais é preciso comprovar a data de nascimento com documentos complementares. O cartório onde constava o registro de Joana teve arquivos danificados pelas enchentes que atingiram Alagoas em 2010, o que dificultou a validação formal junto às instituições especializadas.
Vida longa e lembranças
Joana nasceu em Alagoas e trabalhou por décadas cortando cana até se aposentar. Foi mãe de 21 filhos e ficou viúva há cerca de 40 anos; sobre o marido, lembrava que ele “era um bom dono de casa”.
- Casamento que durou três dias.
- Presenciou a invasão de Lampião à cidade de Delmiro Gouveia na infância.
- Chegou a dançar com Luiz Gonzaga em uma festa.
São memórias vivas que contam uma história do Brasil rural do século XX.
Rotina e cuidados
Ela vive em uma casa simples, sustentada pelo benefício da aposentadoria, e é cuidada pela filha Maria e pelo genro. A religiosidade faz parte do dia a dia: Joana costuma cantar, rezar o terço e dormir por volta do meio‑dia. Ao falar sobre a própria idade, resumiu com simplicidade:
“só Deus sabe”.
O acompanhamento de saúde é feito semanalmente pelo programa municipal Melhor em Casa, que avalia suas condições e fornece medicamentos e fraldas. A enfermeira Marta Luna relatou que Joana está lúcida, comunicativa e de bom humor:
“Ela ama as visitas da nossa equipe e costuma interagir. Sua filha Maria cuida dela com zelo e mantém os profissionais informados.”
Em resumo: os documentos locais colocam Joana numa posição excepcional, mas a falta de registros completos — consequência das enchentes de 2010 — tornou improvável a certificação internacional. É um caso que mistura cuidado humano, memória viva e os limites da burocracia documental.