Na madrugada de domingo (21), às 2h37 pelo horário de Brasília, Saturno entrou em oposição — isto é, ficou praticamente na direção oposta ao Sol vista da Terra. Nessa configuração o planeta estava a cerca de 1,28 bilhão de km, alcançando também seu ponto mais próximo da Terra (perigeu), o que o deixou mais brilhante e ligeiramente maior no céu.
A visão do planeta mudou pouco nos dias ao redor da oposição, porque a distância entre Terra e Saturno varia pouco nessas proximidades. Saturno pôde ser visto no horizonte logo após o anoitecer, por volta das 18h30, atingiu o ponto mais alto perto da meia-noite e sumiu pouco antes das 5h30, com o amanhecer.
Na ocasião, o planeta apresentou magnitude aparente de 0,61 e estava na constelação de Peixes. Para comparar: quanto menor o número da magnitude, mais brilhante o objeto — o Sol, por exemplo, tem magnitude aparente de cerca de -27.
“Para encontrar Saturno no céu (e o mesmo vale para qualquer corpo em oposição), basta olhar na direção oposta ao Sol. Enquanto o Sol se põe a oeste, Saturno deve surgir a leste e seguir o seu caminho em direção ao oeste, ficando visível durante toda a noite”, disse Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital.
Ao olho nu, Saturno apareceu como uma estrela amarelada e brilhante. Com binóculos já dá para perceber um formato mais oval; com um telescópio de 10 cm de abertura é possível distinguir detalhes do planeta, seus anéis e algumas luas brilhantes, como Titã, Reia e Encélado.
Por que as oposições acontecem
A oposição ocorre quando a Terra passa entre o planeta e o Sol. Como Saturno leva cerca de 29,4 anos para dar uma volta completa ao redor do Sol e a Terra leva um ano, as oposições de Saturno se repetem a cada 378 dias — ou seja, acontecem aproximadamente duas semanas mais tarde a cada ano terrestre.
Não são apenas os planetas visíveis que entram em oposição: cometas, asteroides e até planetas-anões também podem ocorrer nessa posição. Um exemplo bem comum é a Lua cheia, que ocorre quando a Terra fica entre o Sol e a Lua e o disco lunar fica totalmente iluminado.
Oposições confirmadas para 2025
- 23 de setembro: Netuno (mag 7.8), constelação de Peixes
- 2 de outubro: planeta-anão Ceres (mag 7.6), constelação de Cetus
- 5 de novembro: asteroide Victoria (mag 9.9), constelação de Áries
- 21 de novembro: Urano (mag 5.6), constelação de Touro
- 7 de dezembro: asteroide Psique (mag 9.7), constelação de Touro
- 25 de dezembro: asteroide Ísis (mag 11.3), constelação de Gêmeos
As datas e magnitudes acima foram divulgadas por plataformas de observação astronômica e funcionam como um cronograma dos eventos de oposição previstos para 2025.
Quer ver por conta própria? Em noites claras, procure primeiro a leste após o pôr do Sol e leve um par de binóculos ou um pequeno telescópio — a diferença entre ver Saturno como uma pontinha amarelada e ver seus anéis é bem maior do que se imagina.