Circulam há dias rumores de que o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), estaria avaliando não disputar o governo da Bahia em 2026. A informação, segundo relatos obtidos pelo Bahia Notícias, mexeu com aliados e adversários — e acelerou negociações nos bastidores.
Reações e incômodos
O entorno do ex-prefeito tem evitado tratar o assunto abertamente. Há um desconforto claro com abordagens que passaram a circular entre líderes do grupo. Fontes próximas dizem que ACM Neto reagiu a sucessivas tentativas de aliados de firmar compromissos eleitorais antes da hora, e que isso acabou exigindo dele intervenções para apagar crises geradas por terceiros.
Mas o que isso significa na prática? Segundo relatos, ações discretas — que não viram reclamação pública — vinham aumentando a inquietação interna. Um dos alvos dessa frustração foi a ofensiva do governo de Jerônimo Rodrigues (PT), que, desde 2023, tenta atrair grupos que, no ano anterior, caminharam com o ex-prefeito.
“Estão pressionando para que ACM Neto assuma compromissos agora, como se isso fosse possível nesta etapa”, disse um aliado em condição de anonimato, ao criticar tentativas de organizar listas de candidatos com muita antecedência.
Fontes relataram também que pré-candidatos a deputado, tanto federal quanto estadual, passaram a agir de forma a “criar dificuldades para vender facilidades” — uma estratégia que, conforme dizem aliados, acabou consumindo a paciência de ACM Neto e de outros correligionários.
Consequências políticas
Para alguns articuladores, a presença de ACM Neto na disputa contra Jerônimo Rodrigues aumentaria as chances dos oposicionistas na Bahia. Por isso, a hipótese de uma desistência precoce provoca apreensão dentro do União Brasil no estado.
“Isso representaria o fim da trajetória política dele”, afirmou um aliado ao comentar os riscos de uma desistência antecipada.
Aliados também lembram 2018, quando o então prefeito optou por não disputar o governo e indicou o atual prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (União), como opção para a corrida estadual — um episódio que volta a ser citado como referência e motivo de preocupação.
Reuniões recentes com aliados, em agendas pelo interior e em Brasília, mostram que as negociações para 2026 já começaram. Pessoas presentes dizem que a incerteza sobre a confirmação de ACM Neto nas urnas levou grupos a condicionar apoios, e que essa indefinição pode abrir espaço para dissidências internas.
No fim das contas, o tema segue no centro das conversas: a decisão sobre um compromisso formal de candidatura ainda depende, sobretudo, do próprio pré-candidato.