Cientistas descreveram uma nova espécie de paquicefalossauro a partir de fósseis encontrados na Formação Khuren Dukh, no Deserto de Gobi, na Mongólia. Batizada de Zavacephale rinpoche, ela foi apresentada em um estudo publicado na revista Nature e traz o conjunto esquelético mais completo já associado a esse grupo.
O achado
O exemplar era pequeno — menos de um metro de comprimento — e surpreendentemente bem preservado. Segundo o autor principal, Dr. Tsogtbaatar Chinzorigabre, isso permitiu investigar em detalhe como a típica cúpula craniana desses dinossauros se desenvolveu.
O que o fóssil mostra
Além do crânio abobadado, os restos incluem elementos raros para o grupo. Entre os achados estão:
- membros anteriores reduzidos e mãos diminutas,
- uma cauda conservada com tendões intactos,
- pedras na região abdominal atribuídas a gastrólitos (cálculos estomacais).
Análises do osso da perna indicam que o indivíduo morreu quando ainda era juvenil, embora a cúpula craniana já estivesse totalmente formada — uma pista importante sobre o desenvolvimento desses animais.
Nome e significado
O nome combina raízes de línguas diferentes: a parte tibetana “zava” (referindo-se à origem), o sufixo latino -cephal (cabeça) e o epíteto “rinpoche”, que significa “precioso” em tibetano — uma alusão ao crânio descrito como uma espécie de joia pela equipe ligada à Universidade Estadual da Carolina do Norte.
Por que isso importa?
Os fósseis de Zavacephale antecedem em cerca de 15 milhões de anos outros registros conhecidos de paquicefalossauros. Ou seja: a formação das cúpulas cranianas aconteceu bem antes do que indicavam coleções anteriores. Isso muda a linha do tempo e abre novas perguntas sobre como e por que essas estruturas evoluíram.
Especialistas destacam ainda outra possibilidade: a escassez de restos pós-cranianos no registro pode refletir tanto a real rarefação desses animais nos ecossistemas quanto um viés de preservação — se viviam em áreas interiores menos favoráveis à fossilização, por exemplo. O professor Paul Barrett, do Museu de História Natural de Londres, mencionou essa dualidade como explicação para a falta de esqueletos completos.
Função da cúpula
Sobre o uso das cúpulas, o consenso entre pesquisadores é claro: elas teriam papel sobretudo em comportamentos sociosexuais — exibição e disputa por parceiros — mais do que proteção contra predadores ou regulação de temperatura, conforme comentou a coautora Dra. Lindsay Zanno.
Os autores do estudo afirmam que o material do Zavacephale rinpoche vai orientar novas investigações sobre a evolução das cúpulas e a biologia desses dinossauros. Análises adicionais das peças recuperadas devem aprofundar nossa compreensão sobre o desenvolvimento, a ecologia e o modo de vida desses animais tão curiosos.