Muita gente pensa que peixes têm uma “língua” parecida com a nossa. Na realidade, eles não possuem uma língua muscular como a dos mamíferos. Em vez disso, exibem uma estrutura óssea ou cartilaginosa chamada basi-hial, localizada na cavidade bucal e envolvida na manipulação do alimento e no auxílio à respiração.
O que é o basi-hial?
O basi-hial pode ser cartilaginoso ou ósseo, dependendo da espécie, e varia em tamanho e formato. Não se trata de um órgão muscular equivalente à língua humana e não é o principal responsável pela percepção do sabor.
Como os peixes vivem na água, as papilas gustativas ficam espalhadas por outras partes do corpo — lábios, nadadeiras e até a pele. Por exemplo, o bagre-do-canal (Ictalarus punctatus) tem cerca de 680 mil papilas gustativas distribuídas pelo corpo, enquanto os humanos têm cerca de 5 mil.
Adaptações curiosas
- Archosargus probatocephalus (peixe-cabeça-de-ovelha): tem dentes acoplados ao basi-hial, parecidos com dentes humanos, capazes de triturar ostras e caranguejos.
- Toxotes jaculatrix (peixe-arqueiro): usa o basi-hial como parte do mecanismo para expulsar jatos de água e derrubar insetos acima da superfície.
E há casos ainda mais surpreendentes. Imagina uma língua sendo substituída por um parasita?
O isópode parasita Cymothoa exigua instala-se na cavidade bucal, interrompe o suprimento sanguíneo ao basi-hial até provocar sua necrose e, em seguida, fixa-se no coto para atuar como uma nova “língua”. O parasita alimenta-se do muco e do sangue do peixe e, embora viva no hospedeiro, normalmente não o mata.
O resultado é uma alteração da anatomia bucal: o basi-hial pode desaparecer e ser substituído pelo isópode, que passa a cumprir parte das funções do órgão original. Em resumo, a “língua” dos peixes é bem diferente da nossa — mais variada, adaptada ao meio aquático e, por vezes, surpreendentemente substituída por outro organismo.