Um estudo coordenado pelo National Bureau of Economic Research (NBER), em parceria com o economista de Harvard David Deming, examinou 1,5 milhão de conversas desde o lançamento do ChatGPT, há três anos. O resultado mostra que a ferramenta virou companhia do dia a dia — e nem sempre para o trabalho.
Principais descobertas
Entre as conclusões mais relevantes estão:
- 70% dos usos eram para questões da vida pessoal, contra 30% voltados ao trabalho.
- O uso profissional cresceu, mas ficou mais concentrado em ocupações com remuneração mais alta.
- A participação de mensagens não relacionadas ao trabalho subiu de 53% para 70%.
- A proporção de mulheres entre os usuários cresceu de 37% em janeiro de 2024 para 52% em julho do mesmo ano.
- As taxas de adoção em países de menor renda cresceram mais de 4 vezes em comparação com países de maior renda.
- A plataforma alcançou cerca de 700 milhões de usuários ativos por semana.
O que as pessoas pedem
Quanto ao conteúdo das conversas, cerca de três quartos tinham foco em orientações práticas, busca de informação e escrita. Entre tarefas profissionais, a escrita foi a mais frequente. Já programação e autoexpressão apareceram como atividades mais de nicho.
A distribuição por tipo de interação ficou assim: 49% das mensagens classificadas como pedir informação, 40% usadas para “fazer” — como redigir textos, planejar ou programar — e 11% voltadas à reflexão pessoal, exploração ou entretenimento.
Relação com atividades de trabalho
O levantamento mapeou mensagens com base em características do Departamento do Trabalho dos EUA e constatou que 81% estavam ligadas a duas categorias amplas: obter, documentar e interpretar informações; e tomar decisões, dar conselhos, resolver problemas e pensar criativamente. Essas atividades aparecem entre as cinco mais frequentes na quase totalidade das ocupações analisadas, da gestão às áreas de STEM, passando por funções administrativas e de vendas.
A OpenAI informou que a privacidade dos usuários foi preservada e que os pesquisadores não tiveram acesso direto ao conteúdo das mensagens; a análise foi feita por meio de ferramentas automatizadas para categorizar padrões de uso.
Em suma, o estudo — realizado com métodos automatizados e medidas de preservação de privacidade — oferece um panorama detalhado sobre como o ChatGPT vem sendo usado e como sua adoção se espalha por perfis e regiões diferentes. E fica a pergunta: o que essas tendências dizem sobre o papel dessas ferramentas em nossa rotina?