Um buraco na atmosfera do Sol, com um formato curioso que lembrou uma borboleta, expulsou uma corrente de vento solar que chegou à Terra no dia 14/09. Parece coisa de filme, mas tudo foi registrado por observatórios solares e noticiado por veículos especializados.
O que isso significa para nós? Basicamente, quando o Sol libera esses jatos de partículas, a interação com o campo magnético da Terra pode gerar tempestades geomagnéticas — e isso é exatamente o que aconteceu.
O que aconteceu?
A abertura começou a se formar no início da semana e foi documentada pelo observatório solar da NASA (SDO) entre os dias 8 e 11 de setembro. Reportagens, como a do Olhar Digital em 11, apontaram que o buraco coronal lançou material em direção ao nosso planeta. Segundo o site Space.com, na sexta-feira (12) a lacuna já tinha quase 500 mil km de extensão — espaço suficiente para alinhar quase 40 Terras.
Ao alcançar a atmosfera, esse fluxo provocou uma tempestade classificada como G3 (forte) na escala que vai até G5, conforme a plataforma Spaceweather.com. O resultado mais visível para muita gente foram auroras incomuns em latitudes mais baixas: apareceram no norte dos Estados Unidos, quase em todo o Reino Unido, e houve registros fotográficos no Canadá e em estados do Nordeste dos EUA.
“Pode haver carga de superfície em componentes de satélite, o arrasto pode aumentar em satélites de órbita baixa da Terra e correções podem ser necessárias para problemas de orientação”, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA).
Possíveis efeitos
Tempestades geomagnéticas podem ter efeitos variados, dependendo da intensidade. Entre os impactos mais citados estão:
- Interferência em sistemas de comunicação e navegação (por exemplo, sinais de rádio e GPS);
- Aumento do arrasto em satélites de baixa órbita, que pode exigir manobras de correção;
- Alterações em redes elétricas, que em casos extremos podem levar a apagões;
- Problemas de orientação e cargas em componentes de satélites.
Materiais de divulgação mencionaram regiões específicas, como a Bahia, apenas para fins educativos — não houve indicação de efeitos locais específicos relatados.
Como evoluiu o evento?
A atividade geomagnética começou a diminuir, mas não havia um fim imediato: eram esperadas tempestades mais leves (G1 a G2) ao longo de segunda-feira (15), com tendência de redução até terça-feira (16), embora condições instáveis pudessem provocar breves avistamentos de aurora até meados da semana. A NOAA manteve uma previsão atualizada para os três dias seguintes.
Por que isso acontece mais perto dos equinócios?
Fenômenos assim costumam ser mais frequentes nas semanas próximas aos equinócios porque o alinhamento entre o eixo da Terra e sua órbita facilita o contato entre os campos magnéticos do planeta e do Sol — um efeito conhecido como Russell–McPherron, identificado em 1973. Estudos históricos mostram que, entre 1932 e 2014, tempestades geomagnéticas foram cerca de duas vezes mais comuns perto dos equinócios do que perto dos solstícios. O equinócio de setembro de 2025 estava previsto para 22 de setembro.
Em resumo: foi um espetáculo espacial que pode trazer riscos tecnológicos — nada para pânico, mas motivos para acompanhar avisos oficiais e manter os sistemas sensíveis sob observação. E, se você estiver em regiões mais ao norte, talvez tenha tido a sorte de ver auroras no céu — um lembrete de que o Sol influencia a vida aqui embaixo de maneiras bem visíveis.