Uma grande editora, a Penske Media, entrou com uma ação contra o Google num tribunal federal em Washington (Distrito de Columbia), alegando que o recurso AI Overviews usou de forma ilegal conteúdo dos seus sites, desviou leitores e reduziu receita de anúncios e programas de afiliados.
No documento — a Penske é dona de títulos como Rolling Stone, Variety e Billboard — a editora aponta que cerca de 20% das buscas que antes levavam a páginas suas passaram a exibir respostas do AI Overviews.
A empresa afirma que a participação do recurso vinha crescendo e que, em 2024, a receita de afiliados caiu mais de um terço em relação ao pico anterior, o que, segundo a Penske, ameaça diretamente o modelo de negócios de veículos jornalísticos.
Em resposta, o porta-voz do Google, Jose Castaneda, afirmou que a companhia pretende “se defender dessas alegações sem mérito” e defendeu que o AI Overviews “direciona tráfego para uma maior diversidade de sites”.
Um conflito em expansão
Não é a primeira disputa desse tipo: no início de 2024 a empresa de tecnologia educacional Chegg também moveu ação, alegando queda de tráfego e de receita atribuída ao mesmo recurso. Ainda assim, a ação da Penske foi a primeira em tamanho e alcance apresentada por um grande grupo editorial dos EUA contra o uso de IA nas buscas do Google.
No Brasil, leitores em cidades como Salvador e outras capitais podem ter sentido na prática esse efeito: resumos automáticos exibidos nos resultados de busca reduzem a necessidade de clicar nas matérias originais, com impacto potencial no acesso direto ao conteúdo e na receita dos veículos que dependem desse tráfego.
O processo segue em trâmite no tribunal federal em Washington, e o Google diz que vai se defender das acusações. O que isso significa para o futuro do jornalismo online e para a relação entre buscadores e produtores de conteúdo? A resposta ainda está em jogo — e pode moldar como encontramos notícias na internet.