Os Estados Unidos investiram, neste ano, US$ 40 bilhões na construção de data centers — um movimento que reacendeu o debate sobre oferta de energia e infraestrutura no Brasil, incluindo em Paulo Afonso, na Bahia.
Por que esse aumento agora? Em grande parte, pela popularização da inteligência artificial, que elevou a necessidade de capacidade de processamento. Os gastos cresceram cerca de 30% em relação ao ano anterior, após um avanço de 50% observado de 2023 para 2024. Empresas como Microsoft, Alphabet e Amazon ampliaram ou ergueram novos espaços nos Estados Unidos nos últimos meses.
Fontes citadas também apontam o papel de políticas econômicas: a administração do presidente Donald Trump adotou tarifas que incentivaram grandes empresas de tecnologia a investir mais em solo norte-americano — um dos fatores que ajudaram a acelerar a expansão.
Impactos ambientais
Organismos e especialistas sinalizam riscos e desafios. Segundo relatório da International Energy Agency citado na apuração, data centers já consumiam entre 1% e 1,5% da eletricidade global — percentuais que podem crescer nos próximos anos. Como conciliar crescimento e sustentabilidade?
Entre as alternativas em avaliação estão:
- uso de fontes renováveis para alimentar instalações;
- sistemas de resfriamento mais eficientes;
- recuperação do calor residual para outros usos;
- consolidação de servidores e otimização do uso de energia.
No Brasil e nas decisões locais
Os efeitos chegaram ao Brasil. Em casos recentes, comunidades indígenas tentaram barrar a construção de um data center do TikTok no país. No setor privado, houve relatos de acordos bilionários da Meta para grandes centros de dados, e iniciativas como a da Nissan, que testou usar veículos elétricos para fornecer energia a data centers no Vale do Silício, mostram soluções inovadoras sendo experimentadas.
Autoridades regulatórias, concessionárias e empresas do setor passaram a avaliar os impactos sobre redes elétricas e recursos hídricos, além de monitorar exigências técnicas e ambientais para novas instalações. O acompanhamento segue intenso, diante da perspectiva de manutenção da demanda por capacidade de processamento.
Em suma: investimentos bilionários mudam o mapa da infraestrutura, trazem pressão sobre redes e recursos, e empurram governos e empresas a buscar alternativas para crescer sem perder de vista a sustentabilidade.