A Federação Internacional de Diabetes (IDF) reconheceu oficialmente a diabetes tipo 5 como uma categoria distinta. Essa forma da doença está ligada à desnutrição na infância e afetou entre 20–25 milhões de pessoas, sobretudo em países de baixa renda. O anúncio reacendeu debates sobre políticas públicas de saúde no Brasil, inclusive em estados como a Bahia.
O que caracteriza a tipo 5
Ao contrário da diabetes tipo 1, que nasce de uma reação autoimune, a tipo 5 apareceu em pessoas com baixo peso corporal por causa do subdesenvolvimento do pâncreas durante a infância. A produção de insulina fica comprometida não por ataque imunológico, mas por falta de formação adequada das células produtoras do hormônio. Estudos citados também mostraram, em modelos animais, que dietas pobres em proteínas na gestação e na adolescência prejudicaram a formação do pâncreas e reduziram a reserva de células beta.
Como isso se diferencia das outras formas
- Tipo 1: doença autoimune que destrói as células que produzem insulina; exige uso de insulina durante toda a vida.
- Tipo 2: a forma mais comum, muitas vezes ligada à resistência à insulina e ao excesso de peso; tratada com remédios e mudanças no estilo de vida.
- Gestacional: surge na gravidez por alterações hormonais que reduzem a sensibilidade à insulina.
- Formas raras: incluem diabetes neonatal, MODY, tipo 3c e formas relacionadas à fibrose cística, com causas genéticas ou por dano ao pâncreas.
- Tipo 5: associada à desnutrição infantil e ao subdesenvolvimento pancreático; afetou milhões em países de baixa renda.
E o que muda na prática? Saber a origem da doença ajuda a direcionar prevenção e tratamento. Não é só uma questão de medicamentos: envolve nutrição desde a gestação e infância, acompanhamento pré-natal e políticas públicas que garantam acesso a cuidados básicos.
O que pode ser feito
Especialistas e gestores são chamados a pensar em ações integradas: prevenção nutricional precoce, educação em saúde, identificação de populações vulneráveis e garantia de acesso à insulina e a outros tratamentos pelo SUS. No debate público também ganharam espaço orientações sobre sinais de hiperglicemia e caminhos para obtenção de insulina pelo sistema de saúde.
Em resumo, o reconhecimento da diabetes tipo 5 pela IDF tende a incentivar um olhar mais específico sobre grupos que foram afetados por desnutrição na infância, abrindo espaço para políticas e cuidados adaptados à realidade dessas populações.