O cantor Diggo gravou, neste sábado (13), o segundo registro audiovisual do projeto Pagodiggo. A apresentação aconteceu no Doca 1, no Comércio, em Salvador, na Bahia, e teve produção da equipe Macaco Gordo. O show trouxe faixas inéditas e surge dois meses depois da estreia do Pagodiggo no Clube do Samba, no Pelourinho.
A primeira edição havia sido mais contida, com público menor; desde então, o formato cresceu e a produção ganhou mais corpo. Para Diggo, essa ampliação fez sentido no tempo certo e trouxe uma sensação de completude em relação ao trabalho com samba e pagode.
“Eu sinto que era algo que eu já precisava ter feito, sabe? Era o sentimento de naturalidade, de ser confortável para mim. Estar nesse meio do pagode, do samba, o pagodinho. Parece que é uma coisa que já era para eu ter feito há muito tempo, mas que, ao mesmo tempo, foi a hora certa, sabe? E sinto muita felicidade, felicidade mesmo. Algo que eu nunca senti de nenhum projeto meu, no fundo do meu coração. Foi o primeiro projeto que eu fiz agora, que eu me emocionei, que eu tenho vontade de ficar ouvindo toda hora e assistir. É uma coisa muito diferente”, disse o artista ao Bahia Notícias.
Ele contou também que houve um receio inicial de que o projeto fosse interpretado como alguém entrando na onda do momento. Diggo destacou que não quer apagar o que fez antes — como o trabalho no Pagotrap — mas sim somar o samba e o pagode à trajetória já construída.
“A maior dificuldade de tirar o Pagodiggo do papel foi eu achar que as pessoas iam achar que eu estava cantando pagode porque estava no hype. Eu gosto muito do que eu fazia, do Pagotrap, e não vou matar as coisas que eu fazia antes, mas agregar o trabalho do samba/pagode a isso que eu faço.”
Convidados e repertório
Na noite do Doca 1, Diggo apresentou composições novas feitas com parceiros e recebeu artistas convidados. Entre os nomes que participaram estão:
- Rafinha RSQ
- Ítalo Melo
- Lary
- BG
- o coletivo brasiliense Benzadeus
O próprio Benzadeus realizou, na semana seguinte, uma gravação audiovisual em Salvador — gratuita — no Pelourinho. Os ingressos para a festa foram vendidos no site Meu Bilhete ao valor de R$ 80.
“Eu não me vejo nesse lugar de impulsionar novos artistas. O que na minha cabeça faz sentido é que eu chamo meus amigos, né? Minha galera. A galera que eu acredito, a galera que eu acho f*da o trabalho, sabe? E aí eu chamo essa galera para estar comigo ali. Eu não consigo me botar nessa prateleira [de impulsionador], mas é mais uma onda de estar todo mundo junto mesmo, energia boa e mostrar para a galera que curte o meu trabalho, o trabalho dos meus amigos também”, afirmou.
Sobre o cenário do samba e do pagode, Diggo percebe um crescimento no consumo e uma busca por eventos mais intimistas, com experiências diferenciadas — cenário que tende a favorecer festas independentes e labels dedicadas ao estilo. A ideia vai ao encontro do levantamento do Censo do IBGE na pesquisa Cultura nas Capitais, divulgada em abril, que indicou o pagode como o terceiro ritmo favorito entre os moradores de Salvador.
“Eu acho que o crescimento do samba está na cara aí de todo mundo. Não tenho o que negar. E acho que pelo samba ser um movimento mais popular, o público está querendo buscar algo mais intimista, eventos com uma experiência. Acho que os eventos estão ganhando mais forma”, disse o cantor.
Quando fala de repertório, Diggo citou uma música que costuma cantar muito e que gostaria de ter composto: “Disfarça”, do Sorriso Maroto. “Eu queria ter feito ‘Disfarça’ do Sorriso Maroto. Queria muito ter feito essa música, que é a música que eu mais canto. Eu não sei o porquê, mas além de querer ter feito ela, eu também acho a minha cara”, declarou.
Este segundo registro audiovisual serve como sequência do projeto e como vitrine para as colaborações e para o novo formato diante de um público maior. Entre os desdobramentos confirmados estão a gravação do Benzadeus no Pelourinho e a venda de ingressos pelo Meu Bilhete.