Uma tempestade de granizo deixou uma marca difícil de ignorar no sul de Alberta: uma faixa de destruição de cerca de 200 quilômetros de comprimento por 15 quilômetros de largura. O episódio ocorreu em 18 de agosto, quando pedras do tamanho de bolas de golfe atingiram a região, segundo imagens de satélite divulgadas pelo Observatório Terrestre da NASA.
O estrago visto do espaço e no chão
As imagens mostram clareiras onde antes havia florestas e áreas agrícolas severamente danificadas. Autoridades locais, reunidas na organização Weather Alberta do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá (ECCC), classificaram o evento como a passagem de uma “forte tempestade de supercélula”. Houve relatos de rajadas superiores a 130 quilômetros por hora, além do intenso granizo, segundo compilação da IFLScience.
Moradores contaram sobre perdas em casas, plantações e até ferimentos em animais. Em Brooks, Alberta, Collen Foysy resumiu o impacto em entrevista à CBC News:
“Toda a frente da casa está destruída. A cerca da frente foi arrancada dos postes de cimento. Minhas flores do jardim foram jogadas para todos os lados”, disse Collen Foysy, moradora de Brooks, em Alberta.
Por que isso acontece com frequência aqui?
Não é um acaso: a região já tem histórico de grandes tempestades de granizo. Analistas locais até apelidaram a área de “Beco da Tempestade de Granizo”, porque registra pelo menos uma grande ocorrência por ano nas últimas duas décadas.
Vários fatores ajudam a explicar o fenômeno. Em linhas gerais:
- Geografia favorável à formação de tempestades;
- Umidade fornecida pelas extensas áreas agrícolas, que alimenta os sistemas convectivos;
- Histórico de pelo menos uma grande tempestade por ano na última década e meia.
Reportagens citadas pela IFLScience, com base no The Weather Network, apontam que essas condições — terreno amplo e umidade disponível — tornam a região propensa a episódios severos.
Contexto hemisférico
O episódio em Alberta ocorreu enquanto outras partes do Hemisfério Norte também enfrentavam instabilidade. No Brasil, tempestades com granizo atingiram áreas do Sul nas últimas semanas. Um vórtice ciclônico afetou a região e causou danos em Castro, a cerca de 160 quilômetros de Curitiba, no dia 26 de agosto, deixando a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil em alerta e provocando prejuízos a comércios, residências e prédios públicos.
“O sistema está carregando consigo um ar bastante frio […] ideal para a formação de granizo. E como a temperatura também está baixa na superfície, essas pedras de gelo estão conseguindo se conservar e chegar até a superfície”, disse Alief Matos, meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), em entrevista ao O Paraná.
Especialistas e órgãos de monitoramento indicaram que novas tempestades eram esperadas até o fim do verão no Hemisfério Norte, mantendo a atenção sobre o chamado Beco da Tempestade de Granizo.
Em resumo: a combinação de condições meteorológicas, geografia e práticas agrícolas torna certas áreas mais vulneráveis. E, como mostram as imagens e os relatos, quando essas condições se alinham, a destruição pode ser extensa e rápida.